A Lexus Portugal levou-nos ao Norte do país para conhecer algumas novidades na sua gama, como é o caso dos SUV RZ 450e e RX, em particular na versão Plug-In 450h+. Neste último, existe um motor de combustão e dois motores elétricos, com uma potência combinada de 227 kW (309 cv). A bateria de 18,1 kWh permite consumos, nos primeiros 100 quilómetros, abaixo de 1,5 litros de gasolina e emissões em torno dos 25 g/km. Os preços arrancam próximo dos €90.000.

A outra novidade era o LM 350h, um monovolume muito exclusivo e para utilizações bastante específicas, com um preço que arranca nos cerca de €140.000. Este último, para não ficar fora de contexto, é um veículo com motorização híbrida para transporte de passageiros em condições de extraordinário requinte e luxo, um segmento de nicho em que a Lexus também aposta. 

Mas para o Welectric o modelo mais interessante era o RZ 450e, um SUV elétrico de bateria, que partilha a plataforma e-TNGA com o muito elogiado Toyota bZ4X. Trata-se do primeiro Lexus desenvolvido exclusivamente como BEV e o segundo, logo a seguir ao bastante competente UX300e, que utiliza uma plataforma multi-energia.

O primeiro só elétrico

Mais do que um ensaio ou mesmo um contacto mais detalhado, este evento foi, como é hábito neste tipo de apresentações, uma road-trip com paragens em sítios pitorescos e de interesse turístico e gastronómico. Em certa medida, graças à diversidade de condições, desde percursos na autoestrada, estrada nacional ou arruamentos de localidades multi-centenárias, terá muitos pontos em comum com uma utilização normal de um proprietário Lexus. 

Ao contrário do bZ4x, o RZ 450e está disponível apenas com dois motores e tração integral, com uma potência combinada de 240 kW (313 cv), sendo que o motor dianteiro é significativamente mais potente (150 kW vs. 80 kW). O binário máximo disponível tem uma proporção semelhante, com 265 Nm à frente e 170 Nm atrás. 

Na prática, esta repartição de potência é impossível de detetar, já que o sistema DIRECT4 controla a entrega de potência dos dois motores, podendo usar 100% ou 0% das capacidades de cada um, consoante as condições de aderência e solicitações do condutor, entre outras variáveis. 

É um facto que a potência nunca falta e também não sobra, não havendo quebras de tração, mesmo em condições de menor aderência, como foi o caso nos dias do evento, com bastante chuva.

Para além do mérito do sistema de gestão dos motores e das ajudas à condução, há que contar também com o equilíbrio de um excelente chassis, como é apanágio da Lexus. O peso (sempre são 2,3 toneladas, sem ocupantes) também contribui para uma implantação muito sólida no asfalto… 

Mas a rigidez do conjunto é sem mácula, permitindo que a suspensão de MacPherson à frente e duplo braço atrás faça o seu trabalho de forma muito convincente. Numa estrada mais sinuosa, mas com bom piso, foi possível comprovar o detalhe da informação que chega ao condutor, utilizando a potência e a disponibilidade imediata do motor para testar e ampliar a agilidade do RZ. Na condução e no desempenho, nada a apontar. Curva, acelera e trava de acordo com os pergaminhos da marca.

Claro que, num elétrico, a travagem tem mais o que se lhe diga, já que temos vários níveis de regeneração da travagem e a única pecha é a ausência da condução com apenas um pedal. É uma abordagem conservadora da Lexus, que se aceita, mas que não é, no meu entender, a ideal, sobretudo em ambiente urbano.

Sistema elétrico equilibrado

No que diz respeito à componente elétrica, a aposta recaiu em soluções e capacidades comprovadas. A bateria de iões de lítio tem 71,4 kWh de capacidade, o carregador embarcado tem 11 kW de potência e, em corrente contínua, aceita potência até aos 150 kW. Nada de revolucionário, mas de nível adequado para este segmento. 

Num carregador de parede de 32A, o carregamento de 0-80% é feito em cinco horas, de 0-100%, em sete. Num carregador rápido de 150 kW, os 0-80% cumprem-se em meia hora. 

A Lexus anuncia um consumo de 16,8 kWh/100 km nas versões com jantes de 18’’ (Executive e Executive Plus) e 18,7 kWh/100 km com jantes de 20’’ (Premium, Luxury e Luxury Plus), com alcance máximo a oscilar entre os 440 e os 404 quilómetros com uma carga de bateria. 

Segurança transversal na gama

É de realçar que os sistemas de segurança ativa e passiva são todos de série, numa lista muito detalhada que exige apoios à condução como a deteção frontal de peões, ciclistas e motociclistas, sistemas de segurança pré-colisão, reconhecimento de sinais de trânsito, rastreio da faixa de rodagem, monitor de ângulos mortos, entre várias outras. O RZ 450e tem homologação para utilizar reboque até 750 kg. 

Quanto aos preços de venda ao público, a versão Executive arranca nos €75.582, a Executive Plus, €80.232, a Premium, €81.357 e a Luxury, €88.888.

O que pensa o Welectric

Por aqui, admiramos o equilíbrio dinâmico dos Lexus, quase sempre no ponto certo entre o rigor de que gostamos e o conforto necessário para as atividades mais mundanas. Não há razão para ser diferente no que diz respeito aos elétricos e o UX300e já tinha dado essa indicação. 

O RZ 450e mantém intactos os valores da marca nesse capítulo e também no que diz respeito à segurança e qualidade a bordo. Como BEV, não surpreende, mas muitas das opções tomadas vão certamente ao encontro do próprio público da marca, que também terá que fazer a sua transição energética, a um ritmo adequado. 

Acho importante ainda sublinhar que a Lexus oferece uma garantia de 10 anos ou um milhão de quilómetros para a bateria, um sinal importante e, quiçá, necessário, para mostrar confiança nas suas opções tecnológicas. 

Quanto ao preço, está dentro dos valores expectáveis para a marca e para a sua concorrência natural. O mercado tem agora a palavra. 

Artigo anterior5 setores de atividade que podem ganhar competitividade com a transição energética
Próximo artigoÉ neste local que o Tesla de 25 mil euros vai ser fabricado