No passado dia 7 de novembro, decorreu no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, o European Packaging Waste Meeting, organizado pela Sociedade Ponto Verde. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, foi um dos convidados, participando no painel sobre “Estão as smart cities a crescer ao ritmo necessário?”. O autarca defendeu que as cidades, mais do que os países, têm um papel fundamental na tomada de medidas de combate às alterações climáticas, relembrando que Lisboa concorreu para ser uma das 100 cidades neutra em carbono em 2030. Assim, ao longo do seu mandato prevê tomar várias medidas que permitam alcançar esse objetivo.

Carlos Moedas elencou algumas das iniciativas que já tem em curso, tais como o passe gratuito para a população mais nova e a mais idosa, “uma medida que não é social”, mas visa promover uma mobilidade mais sustentável; os superquarteirões, um projeto que prevê que aos domingos haja um quarteirão de um bairro encerrado ao tráfego automóvel; o aproveitamento das águas não potáveis para rega e lavagem de ruas e túneis de drenagem com depósito de recolha da água drenada, uma obra ainda em construção. Os túneis de drenagem são um projeto orçamentado em 160 milhões de euros e tem como objetivo evitar as cheias que nos últimos invernos se têm verificado na cidade.

No trabalho de combate aos efeitos das alterações climáticas e no sentido de melhoria da qualidade do ar da cidade, o autarca e ex-comissário europeu tem também apostado nas zonas verdes e todos os anos têm sido plantadas árvores e arbustos na cidade. Em 2022, foram plantadas 36.000 árvores e arbustos, um número que Carlos Moedas prevê que continue a crescer de ano para ano.

O mesmo responsável salientou que para a aplicação de todas estas medidas seria importante haver uma melhor ligação entre “os dinheiros europeus e as cidades”.

Europa deve trabalhar com outros países

Na mesa-redonda “Está a Europa a responder à emergência climática?”, Stephan Morais, managing General Partner, Indico Capital Partners, defendeu que a “Europa sozinha não vai conseguir resolver todos os problemas das alterações climáticas, ainda que esteja a liderar esta mudança”. Eero Yrjö-Koskinen, diretor Executivo, IEEP – The Institute for European Environmental Policy, salientou que para uma eficaz economia circular é importante que todos os agentes da economia estejam envolvidos e trabalhem em prol desse desígnio.

Nesta mesa estiveram também presentes Justin Wilkes, Diretor Executivo, ECOS – Environmental Coalition on Standards e Leena Ylä-Mononen, diretora Executiva, European Environment Agency (em vídeo). Todos defenderam que é necessário também uma melhor sensibilização da população por forma a evitar que haja ainda atitudes que não promovem a reciclagem.

“Temos obrigação de ser mais exigentes”

António Nogueira Leite, chairman da Sociedade Ponto Verde (SPV), referiu que, atualmente, na União Europeia, 50% de todos os resíduos urbanos são reciclados e compostados, mas ainda 23% têm como destino os aterros. O caminho a fazer ainda é longo e Portugal não é exceção e por isso “apesar da boa performance das embalagens no nosso país, com exceção do vidro, e do mérito dos portugueses e da SPV e dos parceiros na cadeia de valor, nomeadamente das entidades municipais, não podemos descansar com estes resultados, que não são animadores no contexto global dos resíduos urbanos”.

Para o mesmo responsável, “temos a obrigação de ser mais exigentes” e defendeu maior transparência nos custos do sistema de reciclagem de embalagens. António Nogueira Leite considerou ainda que o futuro exige “mais transformação, mais inovação e mais ambição juntamente com “um sistema que crie valor, estimule negócios, incentive a academia e proporcione emprego qualificado”.

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