“Os planos dos governos para expandir a produção de combustíveis fósseis estão a prejudicar a transição energética necessária para alcançar zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa, colocando em dúvida o futuro da humanidade”, denuncia a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, em comunicado.

O PNUMA apresentou estes dados na nova edição do Relatório sobre as Lacunas de Produção, produzido em conjunto com o Instituto do Ambiente de Estocolmo (SEI), a organização não governamental Climate Analytics e o grupo de reflexão europeu E3G.

O estudo comparou a produção de carvão, petróleo e gás planeada pelos governos com os níveis estabelecidos no Acordo de Paris (2015) para cumprir os limites de aumento da temperatura para evitar efeitos ainda mais devastadores da crise climática.

Os planos de 20 governos analisados no relatório envolvem a produção de cerca de 110% mais combustíveis fósseis até 2030 do que o necessário para evitar um aquecimento de 1,5 graus e 69% mais do que para se ter um aumento de 2 graus.

“Os governos estão literalmente a duplicar a produção de combustíveis fósseis, o que significa um problema duplo para as pessoas e o planeta”, comenta o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar a sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro de que a era do combustível fóssil está sem gás – que o seu fim é inevitável. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa.”

O Relatório sobre a Lacuna de Produção 2023 apresenta uma análise de 20 perfis de países considerados grandes produtores de combustíveis fósseis: Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, Alemanha, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Kuwait, México, Nigéria, Noruega, Catar, Federação Russa, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Irlanda do Norte e Estados Unidos da América. Esses perfis mostram que a maioria desses governos continua a manter políticas e apoio financeiro significativos para a produção de combustíveis fósseis.

“A maior parte destes governos continua a dar um apoio financeiro e legislativo significativo à produção de combustíveis fósseis”, destacou o PNUMA.

Embora 17 governos se tenham comprometido a atingir emissões líquidas nulas e muitos tenham lançado iniciativas para as reduzir, nenhum deles se comprometeu a reduzir a produção de carvão, petróleo e gás para cumprir os objetivos climáticos.

Assim, os planos destes governos significam um aumento da produção mundial de carvão até, pelo menos, 2030 e da produção mundial de petróleo e gás até, pelo menos, 2050.

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