A construção civil é um setor de grande impacto ambiental, por via do grande consumo de materiais, água, energia e geração de resíduos.
Uma prática para tentar reduzir a pegada de carbono da atividade da construção que vem ganhando terreno para uma construção mais sustentável é a utilização de “madeira engenheirada” ou de “madeira de engenharia”.
De acordo com alguns cálculos, um metro cúbico deste género de tecnologia tem potencial para retirar cerca de uma tonelada de dióxido de carbono da atmosfera.
Como? Se na produção de concreto ou aço há emissão de CO2 – que contribui para a poluição do ar e o efeito de estufa –, a madeira engenheirada absorve o dióxido de carbono.

É como se tivéssemos árvores dentro dos prédios.
A madeira de engenharia pode ser obtida através de dois processos: CLT (Cross Laminated Timber, equivalente a Madeira Laminada Cruzada) que é produzida pela união de no mínimo três camadas de madeiras, que são coladas entre si de maneira ortogonal – ou seja, cada camada é colada com a fibra aplicada perpendicularmente em relação à anterior; ou MLC (Glue Laminated Timber, equivalente a Madeira Laminada Colada) que resulta da união de lâminas de madeira coladas entre si de modo a que as suas fibras fiquem paralelas.
Depois de inaugurar o Minho Innovation and Technology Hub, em Guimarães, a construtora portuguesa Grupo Casais anunciou agora que vai montar este modelo híbrido de construção (madeira e betão) num hotel em Madrid, o Hotel B&B Madrid Tres Cantos, situado no município de Tres Cantos, em Madrid, que será, de resto, o primeiro edifício de construção híbrida em Espanha.

Este é o sexto hotel B&B com a assinatura do Grupo Casais e trata-se de um projeto de construção híbrida que tem como base o sistema CREE, uma solução industrializada, com estrutura e fachadas pré-fabricadas. Trata-se de um edifício com cinco pisos e 120 quartos onde as casas de banho e parte das redes e instalações especializadas serão também pré-fabricadas.
A TopBIM, empresa do Grupo, foi responsável por algumas fases, como a coordenação dos desenhos da pré-fabricação, ou até por auxiliar na materialização do planeamento 4D, que terá um papel fulcral no alinhamento da construção e assemblagem de todas as fases da obra.

O Grupo Casais destaca o facto desta ser uma tipologia de construção ambientalmente mais sustentável e mais célere, o que significa que o tempo de obra é reduzido. “Este é um sistema capaz de reduzir a pegada de carbono em mais de 60%, devido ao uso de madeira de engenharia e apenas 1/3 do betão de um edifício tradicional”, diz o grupo empresarial.
Para além destas características, este tipo de solução industrializada e pré-construída comporta a capacidade de evitar demolições e promove a possibilidade de reutilização posterior noutros edifícios. Representa, assim, uma vantagem na possível poupança de tempo, dinheiro e recursos.
E mesmo edifícios mais altos podem ser construídos em semanas, com menores custos de mão de obra. De acordo com a indústria da madeira, “os edifícios de madeira maciça são cerca de 25% mais rápidos de construir do que os edifícios de betão e requerem 90% menos tráfego de construção”.
Neste vídeo, espreite um exemplo de construção de um edifício da Universidade da British Columbia, através desta tecnologia que em inglês também é apelidada de “Mass Timber”:









