A conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP28), que se realiza no Dubai, de 30 de novembro a 12 de dezembro, deixa os ambientalistas pouco otimistas, face às decisões que ali venham a ser tomadas.

Numa sessão informativa, organizada pela Fundação Oceano Azul, em colaboração com a Zero, sobre a COP28, os representantes das duas associações defenderam a necessidade de valorizar o papel do oceano, muitas vezes esquecido, no combate às alterações climáticas.

Responsável pela absorção de cerca de 90% do excesso de calor na Terra, o oceano é “um bombeiro e uma vítima” das alterações climáticas, de acordo com Tiago Pitta e Cunha, presidente executivo da Fundação Oceano Azul.

Mas se a COP26, em Glasgow, em 2021, reconheceu a importância do oceano e do problema do lixo marinho, a cimeira seguinte, a COP27, em 2022, em Sharm El Sheikh, Egito, revelou ser um retrocesso. E Tiago Pitta e Cunha admite, por isso, que “agora não há perspetiva de que as coisas estejam a correr melhor”.

Incentivos precisam-se para inverter situação

Emanuel Gonçalves, responsável científico e administrador da Fundação Oceano Azul, defende que a economia, enquanto responsável pela crise climática, deve ser também a solução para a descarbonização e salvação da natureza, mas, para isso, é necessário inverter o sistema de incentivo económico.

Pela associação Zero, Francisco Ferreira afirma a necessidade de insistir no esforço de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius, por muito difícil que seja, e de inverter a tendência de aumento da temperatura até 2025.

“Precisamos de metas mais ambiciosas e isso tem muito a ver com o fim dos combustíveis fósseis”, defendeu o presidente da associação ambientalista.

Antecipando a COP28, que arranca em menos de duas semanas, Francisco Ferreira disse que tópicos fundamentais a abordar serão os combustíveis fósseis, a mitigação e adaptação às alterações climáticas, a questão das perdas e danos e o financiamento.

Acerca das expectativas para a COP28, Francisco Ferreira usa a imagem do copo meio cheio e copo meio vazio: “Em todas as COP é assim. Temos avanços, mas também estamos muito aquém do necessário e desejável e, provavelmente, nos últimos dias [da conferência] vamos voltar a ter essa sensação”. 

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