O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou a “falta de liderança” dos países face à crise climática, após um novo relatório evidenciar que será muito difícil reduzir as emissões poluentes no planeta sem um mudança determinada e célere para a transição energética.

O novo relatório anual publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), mostra que, se não forem feitas mudanças, até 2030 o mundo produzirá 22 gigatoneladas de gases poluentes a mais do que os permitidos pelo Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus.

Essas 22 gigatoneladas de gases é simplesmente o total anual de emissões juntas de EUA, China e União Europeia.

“As tendências atuais estão a levar o nosso planeta a um beco sem saída de três graus de aumento”, disse Guterres numa conferência de imprensa para apresentar o relatório na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Guterres lembrou que, só este ano, foram registados os meses mais quentes de junho, julho, agosto, setembro e outubro de que se tem registo.

“Tudo isto é uma falta de liderança, uma traição aos vulneráveis ​​e uma enorme oportunidade perdida”, critica Guterres.

O secretário-geral diz, contudo, que ainda é possível atingir o objetivo do Acordo de Paris, mas que para isso é fundamental eliminar os combustíveis fósseis, “a raiz envenenada da crise climática”.

O planeta já está pelo menos 1,1 graus mais quente do que há 150 anos, mas, a partir dos 1,5 graus, a maioria dos cientistas estima que ocorrerão desastres ambientais – como ondas de calor extremo ou inundações – de forma muito mais intensa e com maior regularidade.

Segundo o relatório apresentado, com as medidas atuais o planeta caminha para um aumento de temperatura entre os 2,5°C e os 2,9 °C até ao final do século.

O apelo da ONU chega a apenas dez dias do início da conferência COP28 sobre alterações climáticas no Dubai, onde o primeiro balanço global da implementação do Acordo de Paris deverá concluir e informar a próxima ronda de Contribuições Nacionais Determinadas (NDCs) que os países devem apresentar em 2025, com metas para 2035.

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