O BYD ETP3 é um furgão elétrico de bateria e a sua versão comercial, no formato compacto e com cabina de dois lugares faz este mês a sua estreia no mercado nacional.
Numa campanha que vai vigorar até ao final do ano, tem um preço de lançamento de €26.900, mais IVA (acrescido das despesas de legalização e transporte). A BYD anuncia um alcance de até 275 km em circuito urbano e 233 km segundo a norma WLTP de utilização mista.
Permite um volume de carga de 3,5 m2 e até 780 kg de peso, valores competentes quanto comparados com a concorrência. As duas portas laterais deslizantes e a traseira de grandes dimensões tornam o acesso ao compartimento de carga muito prático. Salta à vista também o revestimento deste último em alumínio.

Bateria Blade
A BYD tem uma vasta experiência na produção de baterias para veículos, fornecendo inúmeros construtores com este decisivo componente. Para o BYD ETP3, que é um veículo profissional, a escolha recaiu na tecnologia de Fosfato de Lítio-Ferro como material catódico, que não usa cobalto. Esta solução sacrifica a densidade energética em troca da durabilidade, estabilidade térmica superior e também um maior número de ciclos.
O nome Blade (ou lâmina) provém do formato mais alongado das suas células, que se assemelham a lâminas, dispostas numa matriz, sendo depois inseridas na bateria, construída em camadas. A BYD afirma que esta solução liberta mais espaço do que outras opções mais convencionais.
As baterias de Fosfato de Lítio-Ferro têm uma outra vantagem,esta associada ao carregamento, já que a curva de potência se mantém durante mais tempo perto do máximo. O BYD ETP3 está equipado com um pack de 44,9 kWh, permitindo carregamento de 20 a 100% em meia hora, utilizando um carregador rápido de 50 kW. Em AC, o carregador embarcado limita a potência de carga a 7 kW, permitindo recuperar a carga de 20 a 100% em 5h30.
As baterias têm uma garantia de oito anos ou 200.000 km, dentro dos valores-padrão que os construtores oferecem na Europa, mas com sinal mais na quilometragem, que costuma ser de 160.000 km, o que revela uma confiança acrescida na sua tecnologia.
Ao volante do BYD ETP3
O percurso foi relativamente curto, entre Alverca e Vila Franca de Xira, mas foi suficiente para tirar algumas conclusões interessantes. A primeira delas é que este furgão elétrico está perfeitamente integrado naquilo que são os padrões europeus para este tipo de veículo. Já referi o acabamento no compartimento de carga, pronto a utilizar e com um aspeto cuidado. No habitáculo, os materiais são acolhedores e os plásticos parecem ser resistentes.
Um pouco mais de margem na regulação do volante era bem-vinda (não tem acerto de profundidade e o curso vertical é modesto), mas a posição de condução é aceitável. Há apenas dois bancos individuais nesta configuração compacta, mas são confortáveis.
Tem travão de estacionamento elétrico e colocar este furgão em marcha é muito simples. O motor tem 100 kW (134 cv, segundo a BYD) e um binário máximo de 180 Nm. O exemplar que conduzi tinha 100% de carga na bateria e 0% de carga no respetivo compartimento, pelo que as condições de utilização estavam um pouco aquém das reais. Todavia, num percurso de pára-arranca e alguma estrada nacional a cumprir os limites legais, o consumo fixou-se nos 16,5 kWh/100 km, o que parece indicar um alcance efetivo compreendido nos valores indicados de WLTP Urbano e Combinado. Claro que aproveitando todas as capacidades de carga do BYD ETP3, o consumo de energia será diferente, mas também aqui não destoa da concorrência.
Um pormenor também não inesperado é que, com 100% de carga na bateria, não ocorre a regeneração na desaceleração. É preciso esperar até que a carga da bateria desça alguns pontos percentuais, para que este processo se normalize. A partir daqui, a regeneração funciona de forma automática, mas não imobiliza completamente o veículo, levando-o apenas a um modo “crawl”, de velocidade muito reduzida.
O que pensa o Welectric
A transição para a mobilidade zero emissões locais nas cidades deve ser uma prioridade e os veículos comerciais em ambiente urbano desempenham um papel decisivo nesse processo.
Os incentivos do Estado são muito limitados, quer no valor individual quer na respetiva dotação do Fundo Ambiental, pelo que este processo só pode ser acelerado pela redução dos custos operacionais dos veículos elétricos. Ora, a entrada de novos players neste setor, aumentando as opções de escolha, é sempre um fator de dinamização do mercado, enquanto esperamos que as cidades portuguesas começem a introduzir zonas de baixas emissões nos seus territórios.
O BYD ETP3 parece cumprir todos os requisitos para ser uma ferramenta de trabalho competente nas entregas de último quilómetros em percursos urbanos e suburbanos. Claro que uma nova marca precisa de algum tempo para se afirmar, mas muitas empresas estão já a acelerar na eletrificação das suas frotas e certamente vão analisar os argumentos desta nova opção no mercado.
A tecnologia das baterias, a garantia e o preço são alguns dos pontos mais positivos deste BYD, a par das capacidades de carga. Vai ser interessante acompanhar o seu progresso no mercado nacional, sendo que chegarão a Portugal, em breve, mais duas carroçarias de maiores dimensões.
