Na apresentação nacional do BYD ETP3 (pode ler o artigo aqui), o Adelino Dinis realizou um breve Q&A com Pedro Cordeiro, diretor-geral da BYD em Portugal, marca chinesa integrada no Grupo Salvador Caetano e que tem planos ambiciosos para o próximo ano.

Welectric: Qual é a estratégia para ganhar a confiança dos clientes, sobretudo clientes empresariais, com uma marca nova de veículos fabricados na China? Como se pode afastar a imagem de produtos baratos e de menor qualidade, muitas vezes associados aos produtos chineses?

Pedro Cordeiro: A BYD é uma marca que nasce em 1995. O fundador é um engenheiro químico, alguém que tem um conhecimento de base sustentado e que rapidamente se posiciona como líder no fornecimento de baterias recarregáveis. Três anos depois da fundação, a marca estabelece uma sede na Europa, o que revela um olhar para o continente europeu, que tem padrões e exigências diferentes, para posicionar a marca num nível mais elevado. Por isso, ainda que a marca tenha essa nacionalidade, tem uma visão mundial europeia, de qualidade. Mas a BYD não está sozinha no mercado. É certo que os construtores chineses ganharam muito com com o investimento que o próprio governo fez no setor tecnológico. Hoje em dia estão a liderar quanto, antigamente, os seus produtos eram vistos como tendo menor qualidade, qualidade dúbia ou de fraca fiabilidade. Hoje, lideram. Acabam por ser fornecedores de outras grandes marcas e de outras grandes organizações internacionais. A BYD é exemplo disso.

W: Relativamente às garantias, sempre importantes para todos os clientes, mas ainda mais para os clientes profissionais, qual é o standard da BYD?

PC: As baterias neste momento estão com oito anos ou 200.000 quilómetros. Em termos de tempo, está em linha com o mercado. Ainda assim há mais um voto de confiança, com os 200.000 km, para demonstrar confiança na tecnologia que a marca tem.

W: A BYD em Portugal é representada pelo Grupo Salvador Caetano, que representa muitas outras marcas. Vão concorrer com com outras marcas do grupo em produtos muito específicos, com marcas já estabelecidas no mercado… Como é que está a ser essa experiência?

PC: Sim, é uma boa questão… (sorrisos). Nós entendemos que a competição é saudável e será sempre saudável. Cada um terá que usar os seus argumentos e nós temos aqui argumentos fortes. Somos a marca líder mundial nas novas tecnologias. Temos baterias de tecnologia de ponta que fornecemos a outros construtores. O que nos posiciona mesmo dentro do grupo como uma empresa 100% eléctrica, com uma tecnologia de ponta, líder mundial, dez anos consecutivos a liderar na China, que é o maior mercado de elétricos à escala mundial. 

Estamos a falar de uma empresa ainda que desconhecida — hoje em dia um bocadinho menos, mas ainda que desconhecida. Arrancámos em maio, mas há fatores que a diferenciam e isso isso é olhado, até internamente, com algum cuidado também. Mas nós estamos a fazer um caminho, em separado, em paralelo. Somos a única marca 100% elétrica e com a oferta de veículos que temos neste momento, portanto, acima, das outras marcas que temos à data.

W: A última pergunta relativamente a expectativas para 2024. Estamos a falar só nos comerciais ligeiros? Qual seria um bom número, em termos de de percentagem e também número de unidades vendidas?

PC: Este mercado dos comerciais é um segmento novo para nós. Vamos começar a testar dentro com este lançamento da ETP3. Vamos começar a testar o mercado. Temos argumentos que hoje apresentámos e acreditamos que o produto será adequado à utilização profissional e às necessidade da tal eletrificação que neste momento existe para cumprir com as metas de 2035, portanto. Mas em termos de comerciais, nós estamos a pensar que valerá, para já, cerca de 10% do nosso volume anual, que apontamos ser, para 2024, de 2000 viaturas. 

W: Então apontam para cerca de 200 unidades de comerciais no primeiro ano?

PC: Sim, tendo em conta que a taxa de penetração dos elétricos de bateria no setor dos comerciais é de 9%, essa é a nossa expectativa. Lançámos agora em dezembro e vamos começar a vender.

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