Ao recorde de produção de energia de fontes renováveis assinalado em Portugal em 2023 (de que falamos aqui), juntam-se outros dois recordes alcançados no ano passado, salientados pela associação ambientalista Zero: mais dias seguidos só com renovável e menores emissões de sempre.

Com base nos 61% de consumo de energia elétrica por fontes renováveis em Portugal no ano passado, o valor mais elevado de sempre, a Zero estimou as emissões poupadas em termos de dióxido de carbono (CO2), o principal gás responsável pelo aquecimento global: “As contas revelam um recorde muito significativo, da ordem de 3,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o valor mais baixo pelo menos desde 1990, o primeiro ano em que Portugal reportou as emissões de gases com efeito de estufa”, diz a associação.

No ano 2022, as emissões de CO2 em Portugal tinham sido de 6,1 milhões de toneladas.

Os ambientalistas da Zero realçam o facto de, no ano passado, durante seis dias seguidos, entre 31 de outubro e 6 de novembro, o consumo do país ter sido assegurado por eletricidade exclusivamente renovável.

Para se chegar a este resultado, a associação lembra o caminho feito, com o encerramento das duas centrais termoelétricas de carvão (Sines e Pego), que com as centrais a gás natural produziam anualmente entre nove e 17 milhões de toneladas de CO2.

Chegou-se assim a 2020 com 6,6 milhões de toneladas de emissões e depois a 2021 com 4,6 milhões.

Em 2022, devido à seca, os valores voltaram a subir, para 6,1 milhões, mas no ano passado, com o aumento da energia solar e da produção hidroelétrica, as emissões voltaram a baixar.

Alteração no ranking dos emissores

“As emissões são agora provenientes da operação das quatro centrais de ciclo combinado a gás natural de Lares, Pego, Ribatejo e Tapada do Outeiro, cujo decréscimo de produção entre 2022 e 2023 foi de 43 por cento”, explicam os ambientalistas.

A Zero conclui assim que o setor da energia deixa de ser o principal responsável pelas emissões, passando esse posto para o transporte rodoviário como o principal responsável por emissões de CO2 em Portugal.

Em comunicado, a Zero alerta ainda para a necessidade de políticas fortes nas áreas da eficiência energética e da redução do consumo, questiona a necessidade de manter a central a gás natural da Tapada do Outeiro após o fim do contrato de aquisição de energia (em março) e pede rapidez nos investimentos nas redes de transportes e distribuição de energia elétrica, para suportarem mais produção de eletricidade de fontes renováveis.

Além de se desenvolverem as infraestruturas de armazenamento, é importante também acelerar na produção de energia renovável, sempre ouvindo as populações e com decisões transparentes, alerta ainda os ambientalistas.

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