A presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) considera fundamental “corrigir erros de oferta” na rede de transportes coletivos, nomeadamente nas áreas metropolitanas. Ana Paula Vitorino entende que “ainda há muito para fazer em matéria de intermodalidade para que seja, efetivamente, possível começar a ter áreas livres de emissões”.
“Se quisermos ter áreas livres de emissões, temos que ter áreas livres de veículos automóveis e, para o fazer, temos de ter a oferta de transporte público toda a funcionar de uma forma mais eficiente e com maior densidade de oferta. Temos primeiro de corrigir as disfunções que existem para, depois, impormos estas medidas”, afirmou esta responsável na conferência “Contratos de serviço público de transporte de passageiros de 1.ª Geração – balanço e futuro”, evento promovido pela AMT em conjunto com o município do Barreiro e a Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP).
A presidente da AMT defende “um planeamento mais eficaz” no setor dos transportes: “O Governo tem umas competências (já poucas), principalmente através do IMT. As autarquias têm a maior parte das competências na área da mobilidade e dos transportes, e nos interurbanos, existe a Infraestruturas de Portugal. Não existe um planeamento integrado relativamente a estas matérias, principalmente no cruzamento daquilo que são competências do Governo com o que são competências dos municípios”.
Interior e litoral
Outro dos problemas identificados pela AMT é que “existe um país, em termos de transportes, a duas velocidades”, com a faixa litoral, desde Braga até Setúbal, onde está localizada 80% da população, a ter uma cobertura e uma densidade de oferta de serviços de transportes “muito superior à que existe no interior”.
“No interior é problemático falar em transferência do transporte individual para o transporte público, uma vez que na maioria do espaço não é viável fazer as deslocações casa- trabalho e casa-escola por transportes públicos de passageiros. Portanto, temos aqui uma disfunção que tem de ser corrigida porque, não só por uma questão de equidade social, mas também do ponto de vista ambiental, só podemos propor medidas de transferência para modos mais sustentáveis se os houver”, declara Ana Paula Vitorino.