No último domingo, dia 4 de fevereiro, decorreu em Paris um referendo para definir as tarifas de estacionamento para os SUV. Uma votação que foi acompanhada por perto por outras cidades, como Londres. Os resultados provisórios indicam que 54,6% dos eleitores favoreceram a implementação de cobranças especiais de estacionamento para SUV. No entanto, a participação dos eleitores, em cerca de 5,7% do eleitorado registado de Paris, ficou aquém das expectativas dos defensores do meio ambiente.
“O povo de Paris falou de forma inequívoca”, afirmou Anne Hidalgo, a presidente da Câmara Municipal de Paris, enfatizando a segurança viária e a qualidade do ar como motivações principais por trás da decisão.
Anne Hidalgo havia caracterizado anteriormente a medida de aumentar os custos de estacionamento para SUV como um meio de justiça social, visando os automobilistas com maior poder de compra e que ainda não modificaram o seu comportamento em resposta à crise climática. As novas tarifas de estacionamento podem ser implementadas já em setembro, com tarifas horárias para estacionamento na rua definidas para aumentar para 18 euros no centro de Paris e 12 euros noutras partes da cidade para SUV veículos 4×4.
Essas cobranças vão aplicar-se a veículos com peso superior a 1,6 toneladas com motores a combustão ou híbridos, e mais de 2 toneladas para veículos elétricos, isentando o estacionamento dos residentes parisienses.
Tony Renucci, diretor do grupo de defesa da qualidade do ar Respire, saudou o resultado da votação como uma vitória para a qualidade de vida dos residentes da cidade, ecoando sentimentos de que Paris está sinalizando que “a presença desses monstros sobre rodas” não é mais bem-vinda nas ruas da cidade.
Emmanuel Grégoire, vice-presidente de Paris, rotulou os SUV como “mais pesados, mais perigosos, mais poluentes. Um desastre ambiental” quando a votação começou.
Esta medida segue o referendo anterior de Paris no ano passado, quando se tornou a primeira capital europeia a proibir scooters elétricos alugadas, indicando um compromisso contínuo com soluções de mobilidade urbana sustentáveis. Sob a liderança de Anne Hidalgo, Paris tem consistentemente aumentado a pressão sobre os motoristas, aumentando as taxas de estacionamento, eliminando gradualmente os veículos a gasóleo e expandindo a rede de ciclovias.
David Belliard, vice-presidente da autarquia parisiense para os Transporte, estimou que cerca de 10% dos veículos em Paris seriam afetados pelo aumento das taxas de estacionamento, potencialmente gerando até 35 milhões de euro em receita anual para a cidade.
Em oposição, o grupo de lobby dos motoristas 40 Milhões d’Automobilistes argumentou pela liberdade dos motoristas escolherem os seus veículos, rotulando o aumento da tarifa como injustificado e produto de uma “minoria ultraurbana e anti-carro”.
O Ministro do Meio Ambiente da França, Christophe Béchu, criticou o acréscimo de taxa para SUV como uma forma de “ambientalismo punitivo”, incentivando, no entanto, os motoristas a optarem por veículos mais leves.