A transição para um consumo de moda sustentável ainda enfrenta alguns desafios. Os consumidores de moda estão cada vez mais atentos à questão da ecologia e as principais marcas de roupa têm optado por explorar têxteis sintéticos alternativos. No entanto, o facto de não haver um acordo universal sobre o que constitui um tecido sustentável dificulta esse processo de mudança.

Do ponto de vista de Grètè Švėgždaité, “a alta educação dos consumidores relativamente aos tecidos e à sustentabilidade é crucial para haver uma mudança efetiva na indústria da moda”. O problema é que “a incerteza relativamente a critérios claros sobre tecidos sustentáveis representa um dilema para os consumidores de moda”. Na medida em que “estes nem sempre são capazes de perceber que peças de roupa são mesmo sustentáveis e quais são apenas ‘produtos de branqueamento ambiental’”, esclarece a designer.

Tecidos que eram considerados um símbolo de qualidade – o couro, a pele e a seda – estão a tornar-se controversos devido à abordagem não vegana da moda.

O que devemos analisar na etiqueta da roupa

Um inquérito conduzido pela McKinsey alcançou os seguintes resultados: 88% dos inquiridos apoiam ações para reduzir a poluição. Enquanto 67% se dizem mais suscetíveis a comprar os produtos se estes forem fabricados com materiais sustentáveis. A questão é, não havendo um acordo universal, como conseguimos interpretar uma peça como sustentável ou não sustentável?

Apesar do conceito de roupa sustentável variar de continente para continente, a indústria da moda está a tornar-se, aos poucos, unânime em relação a vários critérios essenciais. De entre os quais: os tecidos terem origens naturais e apenas uma fibra na sua composição. Algo que serve sobretudo para garantir que esses produtos têxteis vão poder ser reciclados quando chegarem ao fim do seu ciclo de vida. A par disso, a sustentabilidade da roupa depende ainda de um pagamento justo aos trabalhadores que as fabricam e da forma como os animais que dão origem à matéria-prima são tratados. 

Švėgždaité, designer e fundadora da marca de roupa de lazer Gretes, relembra que “basta analisar as etiquetas do vestuário para confirmar a sua sustentabilidade”, com base nos critérios anteriormente especificados.

Tecidos naturais vs Tecidos sintéticos

A Peta promoveu um concurso que desafiava os participantes a encontrar uma alternativa vegan para a lã e essa iniciativa acirrou a discussão sobre o que é a moda sustentável e se o natural é realmente “amigo do ambiente”.

A conclusão a que se chegou foi a de que “nem todos os tecidos naturais podem ser considerados sustentáveis, nem todos os tecidos artificiais devem ser apontados como uma ameaça para o meio ambiente”. Isto porque, tal como já foi referido neste artigo, não é só a origem dos tecidos que determina a sua sustentabilidade.

Muitas peças de roupa, feitas com recurso a têxteis sintéticos, não são consideradas sustentáveis pela forma como termina o seu ciclo de vida. “Apenas uma pequena parte das matérias-primas artificiais são recicláveis”, alerta Grètè Švėgždaité. Consequentemente, acrescenta a designer, “a probabilidade de as roupas acabarem jogadas num aterro e lá permanecerem durante centenas de anos é significativamente alta”.

Foquemo-nos, no entanto, nos tecidos artificiais respeitosos para com o planeta. No spiderwebs, por exemplo, que, defende a fundadora da Gretes, “além de ser cruelty-free, poderia ser um excelente substituto à seda”.

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