A China está a investir bastante nas energias renováveis e um dos mais recentes projetos de âmbito fotovoltaico é verdadeiramente impressionante. Fica em Zhongwei, no deserto de Tengger (ou Tenger), também conhecido por deserto de Gobi, e que é o sexto maior deserto do planeta. Localizado na Mongólia Interior, este deserto situa-se na Região Autónoma de Ningxia Hui, no noroeste da China.
Neste deserto, que recebe mais de 3.000 horas de luz solar por ano, está a crescer um mar de instalações fotovoltaicas a perder de vista que deverá tornar-se no segundo maior parque do mundo fotovoltaico.
Nessa altura, os 3 GW desta central serão apenas batidos no mundo por outra estrutura fotovoltaica, também em construção na China, de 3.3 GW, num projeto da China Huadian, em Changdu, na província de Sichuan.
O parque fotovoltaico cobre uma área de cerca de 43 km2.
A central de 3 GW no deserto de Tenger está a ser erguida desde 2012 e compreende três fases. A primeira fase ficou operacional em abril de 2023 e permitiu já a produção de um milhão de quilowatts de energia.
A segunda fase está em curso e prevê adicionar mais um milhão de kW de energia ao parque, para lhe dar uma capacidade de 2 milhões de quilowatts. Essa segunda fase está prevista para ser conectada à rede em maio deste ano.
Estima-se que o parque solar reduza as emissões de dióxido de carbono da China em cerca de 1,6 milhão de toneladas por ano. Isso equivale a tirar cerca de 300 mil veículos das estradas a cada ano.
O projeto tem, no entanto, uma terceira fase de mais um milhão de kW que fará com que esta infraestrutura energética seja composta por 3 milhões de quilowatts.
Os painéis são capazes de rastrear o movimento do sol, permitindo-lhes maximizar a produção de energia ao longo do dia. Os painéis tiveram que ser colocados a uma altura acima do solo para evitar serem cobertos por dunas de areia. Além disso é utilizado um sistema de limpeza automatizado que utiliza robots para limpar os painéis solares todos os dias.
Após a conclusão destas etapas, o deserto de Tengger como que “desaparecerá” do mapa e será substituído por um mar de painéis fotovoltaicos. Estamos a falar de mais de quatro milhões de painéis solares.
O mais interessante é a função que esta central vai desempenhar. O seu objetivo é produzir eletricidade que mitigue as intermitências na produção de energias renováveis, o que na China pode significar que, de um dia para o outro, a diferença na contribuição pode chegar a 50 GW, equivalente à potência total instalada em todas as centrais nucleares da França. Esta aposta foi complementada com a criação de grandes centrais hidroelétricas no rio Amarelo, para atuar como backup.
A rede de transmissão elétrica instalada permite enviar grandes quantidades de energia a longas distâncias com perdas mínimas durante o percurso, com uma taxa estimada pelos seus promotores de 95%.
Essa aposta permite aproveitar de forma eficiente a energia renovável de regiões remotas, graças às suas condições climatéricas, em lugares onde o espaço disponível é vasto e barato e onde a criação de empregos é também importante para fixar a população.