A Avenidas é uma startup portuguesa que opera nos setores da mobilidade, viagens e turismo, distribuição e logística. Foi criada em 2016, e no ano 2023, realizou mais de 4525 km em viagens, dos quais 2855 km foram em viaturas elétricas. É uma distância equivalente a fazer onze viagens à lua, poupando 376 toneladas de emissão de dióxido de carbono (CO2) em 2023.
Tendo por base o mote da eletrificação da frota, conversámos com Manuel Reis, CEO e Co-Founder da Avenidas que assume para a empresa o objetivo de “tornar o nosso negócio o mais amigo do ambiente possível, de forma a reduzir o nosso impacto e contribuir para um amanhã cada vez mais verde”.
A Avenidas é uma jovem empresa portuguesa de logística, cujas 70% das viagens feitas foram em veículos elétricos.
A Avenidas surgiu para ser uma mistura de uma empresa de TVDE (Ride), uma de distribuição de encomendas e logística (Send), uma agência de turismo (Tour) e uma consultora (Grow). É isto?
Manuel Reis: A Avenidas nasceu em 2016, com apenas um veículo dedicado ao serviço TVDE, numa altura em que a qualidade de serviços destas plataformas era vastamente discutida. Desde então, o nosso compromisso sempre foi oferecer um serviço de qualidade e distinto do atual mercado saturado e a forma como o fazemos é, essencialmente, através do nosso vasto leque de serviços. Atuamos em quatro vertentes muito distintas, tanto para B2B, como para B2C, que se complementam: mobilidade (Ride), que engloba o transporte de passageiros e ride-hailing, viagens e turismo (Tour), distribuição e logística (Send), que inclui o envio de produtos alimentares e de e-commerce, e operações de crescimento (Grow).
De forma resumida, o que fazem em cada uma dessas áreas de negócio e qual a que é mais forte no vosso portefólio?
Na vertente Ride, oferecemos serviços de transporte particular de passageiros, onde servimos famílias e empresas, como a IBM, e também parceiros das plataformas, o que complementa a nossa faturação.
No Send, fazemos entregas de parcelas, entregas de última milha, por meio de estafetas. Aqui, não só contamos com entregas de refeições para restaurantes, onde os nossos parceiros são os próprios restaurantes ou marcas de restauração, como com parceiros de maior escala que agregam entregas de e-commerce. Os clientes têm uma conta connosco, fazemos prospeção das tarefas que nos dão e damos resposta. Ao nível de delivery, o cliente contrata-nos para fazermos determinada entrega. Esta é a área na qual prevemos um maior crescimento este ano.
A Avenidas vai abrir um armazém/escritório no Porto este ano para servir a área logística daquela zona.
No Tour, realizamos viagens turísticas personalizadas por todo o país a partir de Lisboa e do Porto, em destinos como Sintra, Nazaré ou Évora. Nesta vertente, trabalhamos B2B através de agências de viagens online (Online Travel Agencies) e agregadores de experiências, como o Tripadvisor e Airbnb. Colocamos os nossos serviços nestas plataformas e os clientes escolhem-nos para fazer a sua experiência. No segmento de B2C, temos pessoas que chegam organicamente ao nosso website ou viram alguma referência ao nosso trabalho. Aqui, a nossa equipa de customer support está mais próxima do cliente para garantir que consegue construir uma tour personalizada.
No que diz respeito à área de Grow, apoiamos as empresas a expandir os seus negócios, a conquistar novos mercados e a ativar as suas marcas através de ações de recrutamento, formação, escalas, e abertura de novas localizações. A nossa equipa oferece uma orientação estratégica personalizada para que as empresas possam enfrentar os desafios, tomar decisões informadas e impulsionar o crescimento do negócio.
Manuel Reis e Bento Viegas Louro criaram em 2016 a Avenidas.
Quais são os vossos principais concorrentes?
É difícil encontrar uma empresa com uma estrutura parecida à da Avenidas, uma vez que temos um negócio bastante diversificado. Ainda assim, identificamos algumas empresas que são, sem dúvida, um exemplo para nós. É o caso da Choice-Car e da Bedriven, que apresentam um leque de serviços semelhantes ao nosso.
Além disso, temos concorrentes para cada vertente. Por exemplo, no âmbito da logística, entregas de última milha e entrega de refeições, existe a Delivery Express, que tem mais de 100 carrinhas comerciais. Já na área do turismo, a Inside Lisbon Tours e o Grupo Barraqueiro são players com um imenso relevo.
Como têm conseguido trabalhar e conciliar, em simultâneo, estas áreas de negócio de grande exigência e diferentes?
Os serviços que a Avenidas oferece complementam-se, o que acaba por facilitar muito a forma como os conciliamos e trabalhamos as diferentes áreas de negócio. Além disso, a nossa expertise operacional é aplicada a todas as áreas, sendo que garantimos a excelência através da recolha constante de dados em tempo real, utilizada para melhorar a performance das nossas equipas de forma contínua.
“Na Avenidas, estamos focados em moldar o futuro da mobilidade urbana e isso começa com a eletrificação da nossa frota”
Para estes serviços têm uma frota própria? Como atuam?
As vertentes que implicam o transporte de pessoas e bens, como é o caso da Ride, Send e Tour, têm veículos específicos, com características que melhor se encaixam ao tipo de serviço que oferecemos. Por exemplo, na área Send, a nossa frota é composta por 90 motos e 30 carrinhas comerciais ligeiras para transportar e entregar eficazmente os produtos alimentares e de e-commerce. Já as frotas destinadas ao Ride e Tour são compostas por veículos que garantem não apenas o máximo conforto ao cliente, mas também que nos permitem ser o mais ecológicos possível.
Têm 70 veículos de transporte de passageiros e 40 veículos comerciais. Estão alocados a empresas, como se a Avenidas fosse uma rent-a-car?
No segmento Ride, que é o nosso core business, temos as viaturas afetas à Uber e à Bolt, o que nos permite oferecer os nossos serviços a um público mais diversificado, que já está acostumado às plataformas TVDE. Não só isto, também conseguimos implementar mudanças positivas no âmbito da qualidade do serviço, que é algo que nos distingue desde a fundação da Avenidas.
Quantas viaturas vossas são 100% elétricas?
A nossa frota já está 70% eletrificada, o que se traduz em 65 veículos verdes. O compromisso da Avenidas com os clientes também se reflete na forma como nos movemos dentro das cidades e queremos que o nosso impacto seja o mais reduzido possível.
A EMPRESA COMEÇOU COM UM ÚNICO VEÍCULO DE TVDE E HOJE DIVERSIFICA-SE POR QUATRO ÁREAS: MOBILIDADE, VIAGENS E TURISMO, DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA E OPERAÇÕES DE CRESCIMENTO.
Quando preveem atingir a totalidade da frota 100% elétrica?
O nosso objetivo é chegar a 2026 com uma frota totalmente eletrificada. Até ao final de 2024, a nossa meta é passar os 80% de eletrificação, o que implicará um investimento de mais de 2 milhões de euros na nossa transição energética. Adicionalmente, este ano vamos retirar da operação alguns carros a combustão e, em 2025, prevemos fazer avanços mais significativos.
Ainda assim, o nosso compromisso com a sustentabilidade estende-se para além da frota: queremos continuar a investir numa pegada carbónica o mais neutra possível em todas as áreas de operação da Avenidas.
Sendo utilizadores de veículos elétricos, que avaliação fazem dessa utilização? Que indicações têm recolhido acerca da viabilidade do seu uso nos setores díspares em que atuam?
Os veículos elétricos têm sido uma peça fundamental na Avenidas. A eletrificação da frota tem-nos garantido uma redução de emissões de carbono e dos custos operacionais, representando a sua crescente viabilidade e aceitação por parte dos clientes e parceiros nos setores nos quais atuamos. A sensibilização e preocupação ambiental está a impulsionar a procura por opções de mobilidade mais sustentáveis, e os veículos elétricos estão a conquistar um lugar de destaque.
Já afirmaram que querem investir entre 1,5M€ e 2M€ em 2024. Esse dinheiro será investido onde? Em veículos elétricos?
Vamos investir este montante principalmente na eletrificação da frota, mas também em branding e marketing para que possamos dar o próximo passo e expandir os negócios. Além disso, queremos investir parte do valor em relações públicas e na digitalização do sistema informático, que estamos a construir para o backoffice.