A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prometeu hoje que a União Europeia (UE) avançará com tarifas à China “no mesmo nível dos prejuízos” causados pela concorrência desleal dos automóveis elétricos chineses.

“As soluções são, antes de mais, o diálogo. É por esta razão que, no ano passado, falei três vezes com o Presidente [chinês] Xi Jinping exatamente sobre estes temas, mas é claro que a ação também é importante e essa é a razão pela qual desenvolvemos todo um conjunto de ferramentas de defesa comercial e estamos dispostos a utilizá-las”, adiantou Ursula von der Leyen.

“A investigação ainda está em curso, mas caso se confirme, como suspeito, a existência de tais subsídios [estatais da China a fabricantes chineses de carros elétricos, que causam concorrência desleal], posso garantir que o nível dos direitos aduaneiros que iremos impor corresponderá ao nível dos prejuízos, ou seja, muito mais direcionados, muito mais adaptados”, declarou Ursula von der Leyen.

A responsável intervinha num debate promovido em Bruxelas pelo grupo de reflexão de assuntos económicos Bruegel e pelo jornal britânico Financial Times com cabeças de lista dos partidos às eleições europeias, dias depois de os Estados Unidos terem avançado com novas tarifas sobre produtos chineses, com maior foco nos veículos elétricos.

“Partilhamos algumas das preocupações dos nossos homólogos [norte-americanos], mas temos uma abordagem diferente, muito mais adaptada. Os Estados Unidos aplicaram direitos aduaneiros sobre muitos produtos, mas nós lançámos uma investigação há oito meses de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio”, comparou Ursula von der Leyen.

Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram novas tarifas no valor de 18 mil milhões de dólares (16,6 mil milhões de euros) sobre as importações de produtos chineses, sendo os veículos elétricos os mais atingidos, com taxas que sobem de 25% para 100%.

Referindo-se à China, Ursula von der Leyen fala de “excesso de capacidade produzida [na China], inundando o mercado [europeu] com produtos artificialmente baratos” e também da transferência forçada de tecnologia “ou barreiras injustas pela experiência das empresas europeias noutros mercados”.

A discussão surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a subvenções chinesas ilegais a empresas que atuam na Europa, criando concorrência desleal, designadamente a veículos elétricos que entram no mercado da UE e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários.

Segundo a Comissão Europeia, os veículos chineses têm uma penetração de 8% no mercado da UE – que poderá duplicar para 15% em 2025, se a mesma taxa se mantiver – e custam 20% menos que os europeus.

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