Embora haja avanços notáveis na transição energética em diversas regiões do mundo, ainda há muito a ser feito para substituir a dependência de combustíveis fósseis por energia renovável. A realidade atual revela que muitas nações ainda se baseiam fortemente em fontes de energia não sustentáveis, enfrentando desafios significativos para mudar esse panorama.

A Tunísia é um exemplo claro de um país com grande potencial para a energia fotovoltaica que ainda está subaproveitado. Apesar de possuir mais de 300 dias de sol por ano, a participação das energias renováveis na produção de eletricidade deste país do norte de África banhado pelo Mediterrâneo era de apenas 2,2% em 2023. No entanto, com o objetivo de alcançar 30% até 2030, a Tunísia tem a oportunidade de começar a transformar o seu cenário energético.

Um passo significativo nessa direção foi dado com a concessão de um projeto de 130 megawatts de energia fotovoltaica à Voltalia. Quando em operação, a produção dessa central elétrica será suficiente para atender ao consumo de mais de 700.000 habitantes.

O projeto solar da Voltalia situa-se perto de Gafsa e as receitas do projeto serão provenientes de um contrato de venda de energia por 30 anos com a STEG (Société Tunisienne de l’Électricité et du Gaz), o operador da rede pública tunisina.

O início da construção desta central solar está previsto para 2025 e a entrada em funcionamento para 2026.

Sébastien Clerc, Diretor Executivo da Voltalia, destaca que “graças às condições climáticas atrativas, às políticas governamentais favoráveis e ao forte apoio das instituições financeiras internacionais, a Tunísia tem um grande potencial de energias renováveis a curto e longo prazo”.

Para a Tunísia, o desafio é iniciar a transição energética, deixando de estar dependente de energia térmica convencional (como carvão, gás natural e petróleo), que é utilizada para produzir 97% da sua eletricidade. O país está a contar com investidores privados como a Voltalia que se junta ao produtor independente de eletricidade Amea Power, sediado nos Emirados Árabes Unidos, que acaba de lançar as obras de construção da sua central solar de 120 MWp em Kairouan.

Essa mudança a favor da energia renovável é crucial não só pela competitividade da energia solar em comparação com as centrais térmicas dependentes de gás natural importado, mas também devido à vulnerabilidade da Tunísia às alterações climáticas. Com uma agricultura fortemente dependente das condições climáticas e um alto nível de urbanização suscetível a inundações, a diversificação da matriz energética é essencial para a resiliência e sustentabilidade do país.

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