A conclusão foi retirada no âmbito da 7.ª edição do Congresso Nacional do Azeite, organizado pelo Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL) em parceria com a Câmara Municipal de Valpaços, no âmbito da Feira Nacional de Olivicultura – Olivalpaços.

Filipe Duarte Santos, do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável abriu painel dedicado às Alterações Climáticas o Futuro Hoje, com uma apresentação que abordou a evolução do clima e o impacto dos mesmos no olival. Contextualizando nesta evolução a seca, a falta de água e os eventos climáticos extremos  – um problema global relacionado com as emissões de carbono que é preciso reduzir para alcançar a neutralidade carbónica e as zero emissões, aquele responsável defendeu que o futuro da olivicultura em Portugal passa pelo envolvimento do poder político, alinhado com os esforços dos agricultores e apoiado na capacidade científica de que a Europa em especial dispõe para mitigar a situação da emergência climática. Ainda segundo aquele responsável é preciso trabalhar na vertente da adaptação às alterações climáticas, porque os seus custos serão muito menores do que os da inação.

Seguiu-se uma mesa-redonda na qual participaram Ignacio Lorite-Torres, da IFAPA- Junta de Andalucia; José Núncio da FENAREG; José Rato Nunes, da Escola Superior de Biociências de Elvas – Instituto Politécnico de Portalegre; Sandra Martinho, da Lasting Values; e Paula Batista do Instituto Politécnico de Bragança. Foi referida a importância que as direções regionais podem ter neste contexto ambiental e a dificuldade que é passar a mensagem da importância e papel da economia circular no olival, sendo essencial que academia, associações, empresas, agricultores e produtos se juntem e trabalhem em rede.

Promoção da biodiversidade nos solos, incentivos ao pastoreio, agricultura de precisão, regra controlada, e caracterização da diversidade adaptada aos recursos hídricos foram apontados como alguns dos aspetos determinantes neste contexto. Sendo que o olival tem um importante papel a desempenhar na redução dos gases com efeito de estufa já que ajuda a diminuí-los, e como tal, este aspeto deve ser reconhecido e valorizado. Foi igualmente sublinhado que há um longo caminho a percorrer no que diz respeito à mitigação e que esta implica a adoção de instrumentos financeiros e da transformação do modelo económico, bem como de mais e melhor informação e de trabalho conjunto dos vários players, incluindo o setor financeiro e os seguros. Destacando a importância da valorização da biomassa residual e do impacto positivo da redução das emissões de carbono no aumento da eficiência da produção, o painel conclui também que a ação climática mais do uma questão de sustentabilidade é uma questão de negócio.

O  fórum nacional este ano contou com a presença do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, reuniu mais de 200 profissionais do setor e mais de 20 oradores e especialistas nacionais e internacionais em torno do debate de três grandes temas: Olivoturismo/Oliturismo, uma realidade; o Preço do Azeite: Mitos e Tabus; e as Alterações climáticas, o futuro hoje.

Fotografia: Julia Sakelli, Pexels

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