A China considera que as tarifas que a Comissão Europeia está a pensar impor aos veículos elétricos chineses vão prejudicar a “transformação verde do bloco comunitário” e a resposta global às alterações climáticas.

“As tarifas vão distorcer as cadeias de abastecimento automóvel globais e prejudicar os consumidores da União Europeia (UE). Além disso, vão prejudicar o próprio processo de transformação verde da UE e a resposta global às alterações climáticas”, afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma do país asiático.

Li Chao refere que “o protecionismo comercial não é a saída” e as tarifas “vão impedir o desenvolvimento saudável a longo prazo das empresas da UE”.

A China “apoia ativamente as empresas do setor automóvel em todo o mundo a participarem numa concorrência leal e a manterem a estabilidade das cadeias de abastecimento”, acrescentou, afirmando esperar que a UE “seja prudente, respeite as leis económicas básicas e as regras da Organização Mundial do Comércio e ouça também a própria indústria”.

As declarações surgiram depois de a Comissão Europeia ter anunciado, na passada semana, tarifas adicionais de 21%, em média, sobre as importações de veículos elétricos provenientes da China, na sequência de uma investigação aos subsídios atribuídos pelo Governo chinês, lançada em outubro do ano passado.

Cinco dias depois, o Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação ‘antidumping’ (concorrência desleal) contra algumas importações de carne de porco e derivados da UE, numa resposta antecipada às tarifas impostas por Bruxelas aos veículos elétricos chineses.

À margem da conferência, Li defendeu que a indústria de veículos de novas energias se desenvolveu “muito rapidamente” na China e fornece “um grande número de modelos de alta qualidade”.

“São muito bem recebidos pelos consumidores nacionais e estrangeiros. A chave para este rápido desenvolvimento reside na aplicação da lei, no respeito pela concorrência no mercado e na nossa persistência na abertura. Além disso, o conceito de desenvolvimento ecológico está profundamente enraizado na sociedade, tornando-se uma tendência, e a indústria automóvel seguiu esta tendência orientada para o consumidor”, afirmou.

De acordo com Li, foi a “plena concorrência do mercado” que levou as empresas a aumentar “o investimento em I&D [Investigação de Desenvolvimento], criando vantagens competitivas na China”.

O responsável sublinhou que empresas como a Tesla, a Volkswagen e a BMW não hesitaram em “investir na produção de veículos elétricos na China”.

No entanto, este mesmo responsável não emitiu qualquer comentário a respeito dos incentivos que as autoridades chinesas dão à produção local que é, no fundo, a razão dos prováveis aumentos de tarifas de Bruxelas.

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