A linha ferroviária que une Vigo, na Galiza, em Espanha, ao Porto foi eletrificada há três anos e, pasme-se, continua a ser utilizada por um comboio a gasóleo.
O “Celta” é o comboio que liga diariamente Porto e Vigo (numa distância de cerca de 160 km), sendo essa viagem feita através de uma linha eletrificada, mas com uma automotora Diesel.
Com partidas diárias de Porto Campanhã e Vigo, o comboio “Celta” tem paragens em Nine, Viana do Castelo e Valença. O serviço “Celta” é feito duas vezes por dia em cada sentido, unindo as estações de Porto-Campanhã e Vigo-Guixar.
Para António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) este facto “não é razoável face ao investimento que se fez na eletrificação da linha”.
A ligação ferroviária Porto-Vigo não é assegurada por comboios elétricos devido à diferença de tensão da linha.
“Recordamos que a atual ligação, o chamado comboio Celta, entre Porto e Vigo, se efetua em duas horas e meia, com material muito obsoleto e oferece condições de serviço que devem ser atualizadas com urgência enquanto a ligação do Eixo Atlântico [por alta velocidade] não se concretizar para tornar possível que tal viagem ocorra no tempo máximo de uma hora”, refere uma declaração conjunta entre a Xunta da Galiza e a CCDR-N.
António Cunha considera que o comboio atual é um “elemento museológico, mas nem sequer é bonito, que funciona mal, que funciona poucas vezes e que não serve a Eurorregião” Galiza – Norte de Portugal.
Este responsável considera que o atual comboio “não é cómodo, é lento”, com uma “oferta muito pequena” e horários disponíveis “muito reduzidos”.
A primeira fase do projeto de alta velocidade Porto-Vigo deverá estar pronta entre 6 a 7 anos, após cinco anos de construção.
António Cunha afirma ainda que no futuro, quando existir a ligação de alta velocidade ferroviária entre o Porto e Vigo (com estações no Aerporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença), será necessário “continuar a ter uma ligação ferroviária pelo eixo litoral, por Viana do Castelo, a chegar a Valença por outro caminho”, como acontece atualmente com o Celta.
“Essa ligação não é redundante e não é para ser descontinuada depois da entrada em funcionamento da alta velocidade, que esperemos que seja 2032”, apela António Cunha.