A consciência dos impactos ambientais da produção de veículos tem levado a indústria automóvel a procurar alternativas mais sustentáveis, investindo em materiais ecológicos, como a cortiça, e reciclados, como garrafas de plástico, tecidos ou redes de pesca, para substituir materiais mais tradicionalmente empregues, designadamente o couro tradicional.
No entanto, as escolhas da indústria automóvel em termos de materiais para os interiores dos veículos continuam a não ser isentas de impacto ambiental. Historicamente, muitos fabricantes optaram pelo uso de couro natural, valorizado pela sua durabilidade e aparência luxuosa. No entanto, essa preferência tem um custo significativo para o meio ambiente, especialmente quando consideramos a origem do couro. A criação de gado, principal fonte do couro, leva, por vezes, à destruição ilegal da floresta tropical, onde vastas áreas são desmatadas para dar lugar a pastagens.
O desmatamento da floresta tropical para a criação de gado é uma prática que contribui para a perda de biodiversidade e para o aumento das emissões de carbono. Além disso, o desmatamento afeta comunidades indígenas e populações locais, que dependem da floresta para a sua subsistência.
Apesar das muitas brochuras que apregoam práticas de sustentabilidade dos fabricantes de automóveis, estas cadeias de abastecimento são, por vezes, complexas e opacas – mantendo o seu impacto nas pessoas e no ambiente na obscuridade.
O canal público alemão Deutsche Welle denuncia esta exploração ambiental com uma reportagem em torno da indústria de curtumes do Brasil que exporta produtos no valor de 1,5 mil milhões de euros por ano. “A carne e as peles de gado são um enorme motor económico. Mas este negócio envolve muitas vezes a destruição ilegal da floresta tropical para a criação de pastagens”, afirma o trabalho jornalístico.
Refere a reportagem que, a nível local, são muito poucas as pessoas que se atrevem a opor-se à destruição ilegal da floresta tropical, pelo facto de a indústria brasileira de curtumes exportar produtos avaliados em mais de mil milhões de euros. São produtos vendidos em todo o mundo. E como mostra a pesquisa para este filme, alguns deles também estão a acabar em viaturas de luxo.