Uma equipa multidisciplinar da Universidade da Beira Interior (UBI) vai instalar dispositivos de monitorização em várias habitações nos concelhos do Fundão e de Pinhel, num projeto que visa recolher informações que permitam tomar medidas para melhorar a qualidade de vida das pessoas e prevenir doenças.
As casas-piloto vão ter aparelhos para monitorizar substâncias nocivas nos seus interiores, no âmbito do projeto Rural Things.
Projeto recebeu investimento de cerca de 250 mil euros do 5º concurso do Programa Promove, organizado pela Fundação “la Caixa”, em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
As residências alvo deste projeto localizam-se em locais isolados e serão equipadas com um sistema tecnológico integrado, que inclui sensores de dióxido de carbono, de temperatura, humidade e de medição do gás radão, para recolher dados sobre as condições de habitabilidade.
A intenção é ter elementos que permitam tomar medidas em tempo útil, com base em dados concretos, que possam contribuir para a prevenção de doenças, como gripes, cancro do pulmão ou outras patologias, como as associadas à concentração de gás radão.
Bruno Silva, professor e investigador da UBI, na Covilhã, distrito de Castelo Branco, explica à Lusa que a região está “na zona vermelha do gás radão, com uma população muito pouco informada sobre este problema”, e acrescenta que “o simples hábito de abrir as janelas, de arejar as casas, pode prevenir” os efeitos do gás radioativo de origem natural.
A equipa, multidisciplinar, é composta pelos docentes Bruno Silva, Nuno Pombo e Pedro Inácio (Departamento de Informática), Sandra Soares (Departamento de Física) e João Castro Gomes (Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura). Estes investigadores são, respetivamente, membros dos centros de investigação Instituto de Telecomunicações (IT-Covilhã), Laboratório de Estudos dos Efeitos da Exposição ao Radão (LabExpoRad), Centro de Materiais e Tecnologias da UBI (C-MADE).
O estudo, que inclui professores do departamento de Engenharia Informática, um de Engenharia Civil e Arquitetura e uma de Física, vai decorrer até 2025, altura em que se prevê que existam conclusões e decisões que melhorem a qualidade de vida das pessoas.
De acordo com o coordenador, o Fundão, no distrito de Castelo Branco, foi escolhido por ser “um meio rural urbano, com uma forte predominância tecnológica no concelho”, enquanto Pinhel, no distrito da Guarda, é “muito rural, com pouco urbano e mais envelhecido”.
Bruno Silva adiantou que foi pedido a cada município que indique 50 casas para desencadear o processo de participação no projeto-piloto, depois de uma primeira fase em que os responsáveis construíram os sistemas, fizeram a análise de requisitos e engenharia de ‘software’.