O Mayor do município de Londres, Sadiq Khan, espera que a melhoria da qualidade do ar na capital britânica inspire outras cidades, como Lisboa, a delimitar zonas de ar limpo para reduzir a poluição atmosférica.

Dados publicados pelos responsáveis municipais londrinos mostram que a expansão da Zona de Emissões Ultra Baixas de Londres (ULEZ, na sigla em inglês) “está a funcionar melhor do que o previsto, com a qualidade do ar em Londres a continuar a melhorar a um ritmo mais rápido do que no resto de Inglaterra”.

Um estudo publicado indica que as concentrações de dióxido de azoto (NO2) na zona exterior de Londres são 21% inferiores às registadas sem a ULEZ, e que as emissões de óxidos de azoto (NOx) dos automóveis e carrinhas são 13 e 7% inferiores, respetivamente. Isto é o equivalente a retirar 200 mil automóveis da estrada durante um ano.

O problema das mortes prematuras
“Há uma urgência em relação a estas questões, as alterações climáticas devem ser enfrentadas e também se deve abordar a questão das mortes prematuras”, afirmou Khan a um grupo de jornalistas, onde se incluía a agência Lusa. O político trabalhista espera que a experiência de Londres “transmita confiança a outras cidades, não de uma forma paternalista, mas partilhando as melhores práticas, as coisas a evitar e as coisas que podemos fazer em conjunto”. Algo que Londres já começou a fazer com algumas cidades é mostrar como monitoriza a qualidade do ar, adiantou Khan que estima que o ar tóxico em Londres seja responsável por cerca de 4.000 mortes prematuras anualmente, pelo aumento do risco de asma e de cancro e ainda por contribuir para casos de demência.

A zona de emissões baixas ou de ar limpo é a principal de uma série de medidas que Londres está a implementar para combater o ar tóxico na capital inglesa, incluindo a introdução de autocarros de emissões zero, a modernização do metropolitano e a multiplicação de ciclovias.

A ULEZ implica que condutores de automóveis mais antigos e poluentes paguem cerca de 12,50 libras (14,80 euros) por dia para entrar nas áreas abrangidas (100 libras/116 euros para camiões e autocarros), sob pena de serem multados.

Khan diz que zonas de ar limpo são o meio mais eficaz para reduzir rápida e significativamente a poluição atmosférica nas grandes cidades, mas admite que há resistência.

“Uma das lições que aprendi é que temos de levar as pessoas connosco. E por isso passámos muito tempo a educar os londrinos sobre o ar tóxico e as consequências das alterações climáticas”, vincou.

No ano passado, uma derrota eleitoral do Partido Trabalhista por cerca de 500 votos no círculo londrino de Uxbridge e South Ruislip foi atribuída à oposição local à expansão da ULEZ.

No entanto, Sadiq Khan decidiu continuar com a estratégia e ganhou um terceiro mandato como ‘Mayor’ de Londres em maio.

“Uma coisa boa é que em Londres mostrámos que é possível ganhar eleições vezes sem conta com esta política e, na realidade, aumentámos a nossa percentagem de votos“, congratulou-se.

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