Cerca de 200 mil aves marinhas morrem todos os anos em capturas acidentais na pesca em águas europeias, incluindo seis espécies em risco de extinção na região, indica um estudo.

Da responsabilidade da organização internacional de defesa das aves “BirdLife International” com a colaboração da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o estudo alerta que os números podem ser só “a ponta do iceberg”, porque muitos países costeiros não têm estimativas e quando existem raramente incluem toda a frota pesqueira do país.

“Este estudo vem reforçar, não só a importância, mas também a urgência de criar o Plano Nacional de Ação para a minimização das capturas acidentais na pesca”, diz Ana Almeida, técnica de conservação marinha na SPEA, num comunicado da associação portuguesa.

Ana Almeida refere que a SPEA está “a colaborar com as entidades governamentais responsáveis no desenvolvimento deste plano que deve estar pronto até ao final do ano. A monitorização deste problema tem sido muito importante, mas é insuficiente. Encontrar e aplicar soluções que mitiguem este problema é determinante para garantir que a atividade de pesca seja sustentável e que os recursos marinhos se mantenham disponíveis para as gerações futuras.”

Segundo a organização, os números mais alarmantes de capturas acidentais são registados nas redes de emalhar no mar Báltico e no Atlântico Nordeste e nos palangres (arte de pesca à linha) no Atlântico Nordeste e no Mediterrâneo.

Nesta investigação, são elencados os 10 países com as capturas acessórias anuais mais elevadas de aves marinhas: França (34.603), a Polónia (21.300), Portugal (19.775), Islândia (18.996), Espanha (18.311), Suécia (17.743), Alemanha (17.551), Noruega (16.413), Reino Unido (8592) e Dinamarca (3249). O estudo esclarece ainda assim que “as estimativas aqui apresentadas se baseiam em frotas específicas ou subzonas nacionais e, por conseguinte, não representam uma estimativa das capturas acessórias de toda a frota de pesca do país em causa”.

Também num comunicado sobre o estudo, a “BirdLife International” alerta que as aves marinhas são dos grupos de aves mais ameaçados na Europa, com mais de um terço das espécies a sofrerem declínios populacionais.

Entre as ameaças às colónias de reprodução em terra, a organização fala das espécies invasoras e perturbações no ‘habitat’, e dá como exemplos de outras ameaças, no mar, a sobrepesca e as infraestruturas de energia renovável (como as eólicas).

Esta análise sublinha ainda que as alterações climáticas estão a “aumentar a pressão ao longo do ciclo de vida” das aves.

Medidas simples capazes de resolver problema

A organização nota que as ameaças são fáceis de gerir e que em muitos casos “alterações relativamente simples nas práticas de pesca ou modificações nas artes de pesca podem reduzir significativamente o número de aves” que morrem.

“Esperamos que esta análise possa ajudar os investigadores, os gestores das pescas, os governos e muitas outras partes interessadas no setor marinho a compreender a escala das capturas acidentais de aves marinhas na Europa. Os números são alarmantes e confirmam que as capturas acidentais são uma das principais ameaças para as aves marinhas migratórias que se reproduzem ou visitam as águas europeias”, diz a “BirdLife International”.

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