No relatório “Unidos à volta da ciência”, elaborado por vários organismos sob a égide da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e apresentado esta quarta-feira em Genebra, as Nações Unidas manifestaram a esperança de que a inteligência artificial e as tecnologias de ponta ajudem a enfrentar a crise climática.
O relatório destaca os progressos realizados pelas ciências naturais e sociais, as novas tecnologias, com particular ênfase para a Inteligência Artificial, e a inovação, que “podem ser um fator de mudança para a adaptação às alterações climáticas, a redução do risco de catástrofes e o desenvolvimento sustentável”, segundo Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
A inteligência artificial (IA) e a aprendizagem automática podem ser “tecnologias transformadoras” que podem “revolucionar a previsão meteorológica e dotar a sociedade de melhores ferramentas para responder e adaptar-se às alterações climáticas”, de acordo com a análise.
Estas novas tecnologias, que têm a capacidade de processar grandes quantidades de dados, tornam a previsão meteorológica mais rápida, mais barata e mais acessível e permitem “uma mudança de paradigma na previsão de fenómenos meteorológicos extremos e perigosos”, refere.
As tecnologias de satélite permitem prever as condições meteorológicas em regiões de difícil acesso e em locais onde não existe observação no terreno, indica ainda o documento.
A OMM reconhece, no entanto, que as novas tecnologias podem também ser prejudiciais para a ação climática, nomeadamente devido ao seu elevado consumo de energia.
Celeste Saulo apelou aos países para que “implementem controlos para garantir que estes desenvolvimentos beneficiem a comunidade mundial e para evitar impactos negativos”.
Concentrações de gases com efeito de estufa a bater recordes
O mesmo documento que coloca esperança no papel da Inteligência Artificial, salienta que as concentrações de gases com efeito de estufa estão a bater recordes e que os objetivos estabelecidos no acordo climático de Paris de 2015 parecem estar a ficar mais distantes.
Se as atuais políticas de combate às alterações climáticas não mudarem, há dois terços de hipóteses de o aquecimento global atingir os três graus neste século, alerta o relatório, divulgado antes da Cimeira do Futuro da ONU, que se realiza em Nova Iorque no próximo fim de semana.
Os dados científicos “são claros: estamos longe de atingir os objetivos globais em matéria de clima”, afirmou a secretária-geral da OMM.
Celeste Saulo acrescentou que 2023 foi, de longe, o ano mais quente de que há registo, salientando que os primeiros oito meses de 2024 revelaram a mesma tendência.