Sensivelmente um ano depois, a associação Zero voltou a fazer as contas à emissão de gases com efeito de estufa com origem no consumo de combustíveis rodoviários e “as conclusões continuam a ser extremamente preocupantes e a requerer a máxima atenção de todos, mas sobretudo dos responsáveis políticos”.
Segundo a Zero, com base nos dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG), as emissões devidas ao consumo de combustíveis rodoviários entre julho de 2024 e o mesmo mês do ano passado cifraram-se em 17,8 milhões de toneladas (Mt) de dióxido de carbono (CO2), o que representou uma redução de apenas 1,8% face a julho de 2023. O gasóleo, apesar de uma redução de 3,7%, continua a ser o maior responsável por esta tabela dos maiores contribuintes para emissão de gases com efeito de estufa (GEE) com 14 Mt CO2. Houve também “um aumento preocupante” dos consumos dos combustíveis de gasolina IO98 e gasolina IO95 de 5,4% e 5,2%, respetivamente”, diz a Zero.
é crucial que o ano de 2025 seja exemplar no que toca à redução das emissões originadas pelos transportes terrestres para evitar o incumprimento das metas climáticas
A associação relembra que para cumprir os objetivos do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) para 2030, “mesmo que ainda insuficientes na nossa perspetiva, as emissões do setor dos transportes que continuam a ser mais de 30% do total, devem ser reduzidas em cerca de 5,3% por ano a partir de agora”.
Elucida a Zero: “A redução de 1,8% observada entre julho de 2023 e julho de 2024, está aquém para alcançar as metas necessárias. É por isso absolutamente crucial que o ano de 2025 seja exemplar no que toca à redução das emissões originadas pelos transportes terrestres, para evitar o incumprimento das metas climáticas a que o país está obrigado”.
De acordo com a Zero, “não é ainda possível concluir se a ligeira redução de emissões verificada se deve ao avanço da eletrificação, à recuperação do volume de utilizadores de transporte público, ao aumento de eficiência dos veículos que percorreram maiores distâncias no último ano ou a outros fatores económicos e sociais mais complexos como o fim de todos os efeitos da pandemia”.
De acordo com os ecologistas, a falta de um sistema de indicadores de recolha sistemática e regular de dados sobre os padrões de mobilidade dos portugueses – o último inquérito à mobilidade é de 2017 e apenas para as áreas metropolitanas – “continua a ser uma enorme falha institucional que não permite atuar de forma oportuna e eficaz no sistema de transportes, priorizando as medidas com maior efeito potencial na melhoria dos efeitos económicos e sociais do sistema e na redução do seu impacto ambiental”.