
O CineEco, festival de cinema ambiental que decorre anualmente em Seia, atinge este ano um marco significativo: a sua 30.ª edição, que decorre de 10 a 18 de outubro. Organizado pela Câmara Municipal de Seia, o festival é uma plataforma para a sensibilização das gerações mais novas e da comunidade em geral para as questões ambientais, como destacou Madalena Cunhal, representante da Câmara Municipal: “As preocupações de caráter ambiental já são bastante antigas para este município. O festival foi organizado ininterruptamente e os objetivos mantêm-se os mesmos: envolver a comunidade e sensibilizar as novas gerações”.
A longevidade do festival não se reflete apenas no número de edições, mas também na sua evolução contínua. Este ano, o CineEco conta com a exibição de 65 filmes provenientes de 27 países, abrangendo todos os continentes. Segundo Madalena Cunhal, “os realizadores vão às escolas, a população mais jovem vai ao cinema e há um conjunto de ações que pretendem estimular os jovens a mudar comportamentos, tornando o mundo num lugar melhor”. Além das sessões de cinema, a programação do CineEco inclui atividades paralelas como as “Conversas no Jardim”, onde realizadores e produtores discutem temas de sustentabilidade e ambiente, abertas à comunidade.
O impacto económico do festival na região é igualmente relevante. “Durante o período, trazemos à cidade muitos realizadores, recebemos pessoas de fora da cidade, e os estudantes também se envolvem. O comércio local ganha muito com isso”, sublinhou Madalena Cunhal. Para marcar os 30 anos do evento, a organização decidiu dar destaque às pessoas da região: “A nossa equipa de comunicação criou uma imagem escolhendo em cada freguesia uma pessoa mais carismática, são 30 rostos. Esta edição está muito focada nas pessoas que fazem parte deste território”, destacou.
Tiago Alves, programador do CineEco, evidenciou a relevância e o crescimento do festival no panorama internacional. “Este ano, observámos cerca de 1800 filmes para fazer a seleção, quase quadruplicando o número de submissões em relação a anos anteriores”, afirmou. Esta quantidade expressiva de inscrições reflete o prestígio crescente do CineEco, que se tornou uma plataforma de referência para o cinema ambiental.
Tiago Alves também destacou a diversidade das temáticas abordadas nos filmes selecionados. Se em anos anteriores o cinema ambiental se focava em questões como a reciclagem, reutilização ou nas comunidades indígenas, hoje a abordagem é mais eclética e complexa. “Temos mais ficção do que há cinco anos e os filmes conseguem acompanhar a complexidade dos problemas ambientais”, explicou. As narrativas atuais vão além das questões ambientais tradicionais, abrangendo temas como a transumanidade e o próprio género.
Uma das novidades desta edição é um mercado de filmes, designado por Encontros do Mercado. Trata-se de um espaço de networking entre universidades e produtores, onde são apresentados filmes universitários com temática ambiental. “É uma oportunidade para que jovens realizadores conheçam outros intervenientes no cinema e possam impulsionar as suas carreiras”, disse Alves.
Com uma forte ligação à comunidade educativa, o CineEco reforça o seu papel como ferramenta pedagógica, exibindo filmes desafiadores para todas as idades. Além disso, o festival conta com uma parceria com a Cinemateca, trazendo à programação clássicos do cinema com questões ambientais.
Com 30 anos de história, o CineEco continua a afirmar-se como um espaço de reflexão, debate e ação em torno das questões ambientais, mobilizando cineastas, académicos e público em geral para uma mudança de comportamento em prol de um planeta mais sustentável.