As chuvas do furacão Milton, que provocou pelo menos 16 mortos nos EUA, foram cerca de 20% a 30% superiores devido às alterações climáticas, assim como os ventos foram 10% mais intensos, de acordo com especialistas.
Os especialistas da World Weather Attribution (WWA) concluem que sem as alterações climáticas, o furacão teria atingido a Florida num nível 2, ao invés da categoria 3, de acordo com a escala Saffir-Simpson, que mede a intensidade dos ventos numa escala até cinco níveis.
De acordo com a agência americana de observação oceânica e atmosférica (NOAA), os riscos de prejuízos são multiplicados por quatro a cada aumento de categoria.
A análise do grupo WWA indica igualmente que chuvas similares às do furacão Milton são cerca de duas vezes mais prováveis devido ao aquecimento global, que já é de 1,3ºC em relação à era pré-industrial.
Warm ocean waters due to human-caused climate change helped fuel Hurricane #Milton to become a powerful Category 5 storm.
— NASA Climate (@NASAClimate) October 9, 2024
Sea surface temperatures in the Gulf of Mexico were well above average for this time of year as Milton churned toward Florida. https://t.co/p4WvGdpcWE pic.twitter.com/P3qashjqoc
A análise rápida, publicada apenas dois após a passagem do Milton pela Florida, é menos aprofundada do que os estudos frequentemente realizados por este grupo de investigadores internacionais.
Os investigadores publicaram na quarta-feira um trabalho detalhado sobre o furacão Hélène, que atingiu a Florida duas semanas antes do Milton, portanto, com muitos fatores semelhantes.
Os resultados do Milton são também consistentes com outros relativos a furacões na mesma zona, de acordo com a WWA.
“Estamos certos de que as mudanças nas fortes chuvas (do Milton) são imputáveis às alterações climáticas de origem humana”, escreveu o grupo na sua análise.
A rápida intensificação do Milton foi favorecida “por temperaturas muito elevadas da superfície do mar no Golfo do México”, acrescentam.
Os estudos sobre furacões perigosos recentes nesta zona do globo mostram que a precipitação destes eventos foi amplificada pelas alterações climáticas antropogénicas: Katrina em 2005 em 4%, Irma em 2017 em 6%, Maria em 2017 em 9%, Florence em 2018 em 5%, Dorian em 2019 em 5-18%, Ian em 2022 em 18%, Harvey em 2017 em 7-38% e Helene em 2024 em 10%. Há também provas crescentes de que os furacões estão a intensificar-se mais rapidamente, tornando-se mais intensos e continuarão a fazê-lo com um maior aquecimento, e que as tempestades estão a causar danos adicionais devido à subida do nível do mar.