Ao ritmo atual, os veículos chineses atingirão 40% da quota de mercado dos veículos elétricos na União Europeia até 2035, o dobro dos atuais 20%, mesmo com as recentes taxas alfandegárias aprovadas por Bruxelas. A estimativa é da Agência Internacional da Energia (AIE), no documento “Energy Technology Perspectives 2024”, relatório sobre indústrias estratégicas para a transição energética.
O documento indica que, para a indústria automóvel europeia competir no mercado dos elétricos, é essencial reduzir os preços de fabrico e conseguir a plena integração das cadeias de abastecimento, incluindo as baterias, que representam cerca de 40% do custo total dos automóveis elétricos.
De acordo com a AIE, nesse cenário favorável para a Europa, a União Europeia pode reduzir para metade a quota de mercado dos elétricos chineses até 2035, se criar uma cadeia de abastecimento e produção integrada, que reduza custos de fabrico.
A AIE considera ainda que a produção europeia de tecnologias para a transição energética dependerá do sucesso da implementação do Regulamento Indústria de Impacto Zero, que considera ter objetivos “facilmente alcançáveis” nas tecnologias eólica e de bombas de calor, mas com desafios “muito maiores” no setor automóvel.
O documento sublinha que, a nível mundial, o desenvolvimento uniforme das indústrias de tecnologias limpas e o seu comércio serão fundamentais para conter as alterações climáticas.
A China é atualmente o principal centro mundial de produção de tecnologias limpas, mas a AIE salientou que tal não se deve apenas aos baixos custos de produção, mas também a outros fatores como o enorme mercado interno, economias de escala e empresas e instalações altamente integradas na cadeia de abastecimento.
Ao ritmo atual, a China exportará mais de 340 mil milhões de dólares (315 mil milhões de euros) em tecnologias limpas até 2035, o equivalente à soma das exportações de petróleo da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos em 2024.