Dados divulgados na cimeira do Clima, em Baku, Azerbaijão, concluem que as cidades da Ásia e dos EUA são as que mais emitem os gases que provocam o aquecimento e o efeito de estufa e alimentam as alterações climáticas, sendo Xangai a mais poluente.

Utilizando observações terrestres e por satélite, complementadas por inteligência artificial “para colmatar as lacunas”, a organização Climate Trace procurou quantificar o dióxido de carbono, o metano e o óxido nitroso, que retêm o calor, bem como outros poluentes atmosféricos tradicionais a nível mundial.

A pesquisa incluiu, pela primeira vez, dados sobre nove mil zonas urbanas a nível mundial.

A poluição total da Terra por dióxido de carbono e metano aumentou 0,7% para 61,2 mil milhões de toneladas métricas, tendo o metano aumentado 0,2%.

“Os números são mais elevados do que os de outros conjuntos de dados porque temos uma cobertura abrangente e observámos mais emissões em mais setores”, disse Gavin McCormick, cofundador da Climate Trace.

O relatório sobre as cidades foi elaborado pela Climate Trace, uma organização fundada pelo antigo vice-Presidente dos Estados Unidos Al Gore, e foi divulgado durante as conversações das Nações Unidas sobre o clima COP29 que decorre na capital do Azerbaijão.

Segundo a investigação, sete estados ou províncias emitem mais de mil milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, todos eles na República Popular da China, exceto o Texas, EUA, que ocupa o sexto lugar da lista.

Muitas das grandes cidades emitem mais gases de efeito de estufa do que alguns países.

Os 256 milhões de toneladas métricas de gases com efeito de estufa de Xangai na República Popular da China lideraram a lista de todas as cidades estudadas e excedendo os valores de países como a Colômbia e da Noruega.

Os 250 milhões de toneladas métricas de Tóquio estariam entre as 40 primeiras nações se fosse um país, enquanto os 160 milhões de toneladas métricas de Nova Iorque e os 150 milhões de toneladas métricas de Houston (Texas, EUA) estariam entre as 50 primeiras emissões a nível nacional.

Seul, na Coreia do Sul, ocupa o quinto lugar entre as cidades, com 142 milhões de toneladas métricas.

A República Popular da China, a Índia, o Irão, a Indonésia e a Rússia registaram os maiores aumentos de emissões entre 2022 e 2023, enquanto a Venezuela, o Japão, a Alemanha, o Reino Unido e os EUA registaram as maiores reduções de poluição.

“É lamentável que os países petrolíferos tenham assumido o controlo do processo da COP a um nível pouco saudável”, diz Al Gore

Al Gore, antigo vice-presidente dos EUA que tem sido uma voz a favor do clima, criticou o facto de o Azerbaijão, uma nação petrolífera e os Emirados Árabes Unidos terem acolhido as conversações sobre o clima.

“É lamentável que a indústria dos combustíveis fósseis e os países petrolíferos tenham assumido o controlo do processo da COP a um nível pouco saudável”, afirmou Al Gore. A COP27, que ocorreu de 6 de novembro a 18 de novembro de 2022, já tinha tido lugar em Sharm El Sheikh, Egito. E a COP28, realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro, realizou-se também numa nação petrolífera, mais especificamente na Expo City, Dubai, Emirados Árabes Unidos. 

“No próximo ano, no Brasil, veremos uma mudança nesse padrão. Mas não é bom para a comunidade mundial dar à indústria poluidora número um do mundo tanto controlo sobre todo o processo”, criticou o ex-vice-presidente dos EUA.

Artigo anteriorMarita Moreno apresenta nova coleção de mochilas sustentáveis em cortiça
Próximo artigoBiocombustíveis unem duas fábricas da Lactogal em Portugal