Frederico Venâncio
Frederico Venâncio
Responsável de Micromobilidade da Bolt em Portugal e Espanha

No rescaldo da Web Summit, ainda que esta possa ter ajudado a colocar Lisboa no radar global, a verdadeira história vai muito além dos eventos. Este “novo” Portugal – o “Portugal Verde” – manifestar-se-á através de novas políticas, infraestruturas, e, essencialmente, através de uma população que apoia e recebe de braços abertos essa transformação. E não estamos apenas a ver isto em Lisboa ou no Porto: as cidades do interior, que outrora eram esquecidas, começam agora a usar a inovação em áreas como a micromobilidade para revitalizar as suas comunidades e resolver problemas locais, como o excesso de trânsito. Este problema, e muitos outros, podem ser atribuídos ao excesso de dependência de automóveis privados, que, numa perspetiva mais ampla de mobilidade urbana, estas alternativas ajudam a reduzir.

Fado, Fátima, Futebol, Inovar

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Neste canto da Europa, Portugal tem-se estabelecido como um dos destinos mais desejáveis para empresas que querem fazer mais do que simplesmente obter lucro. Considerando que foram criadas cerca de 440.000 empresas nos últimos dez anos, segundo a edição mais recente do estudo ‘Empreendedorismo em Portugal’ da Informa D&B, o nosso país tornou-se uma escolha natural para aqueles que querem causar um impacto no mundo, e essa ambição ressoa de norte a sul.

Surgiu em Portugal um movimento marcado por uma mentalidade inovadora. Aqui, as empresas sabem que podem experimentar, errar, recomeçar, sempre com o olhar fixo num futuro mais sustentável. Eis o segredo: em Portugal, a sustentabilidade não é apenas uma promessa de ocasião; é uma prática real e tangível, desde a economia circular, à mobilidade alternativa, ao crescimento das energias renováveis. Este é o país onde a descarbonização não é moda, mas a crescente normalidade que traz consigo uma nova forma de fazer negócios.

Para quem procura inovação com propósito, há algo significativamente inspirador nesta abordagem. Não se trata apenas de colocar painéis solares, incentivar empresas a adotarem uma postura mais “green” ou a fundar startups com missões ocas. Trata-se, sim, de um país que se tem tornado um epicentro para empresas que realmente querem repensar o que significa crescer sem explorar, ganhar sem esgotar. As multinacionais, startups de greentech, as novas techs de energia limpa, todas encontram em Portugal um espaço com muito espaço para arriscar e ousar inovar. 

Foi, inclusive, recentemente lançado um novo hub da Unicorn Factory Lisboa com esse propósito em parceria com grandes empresas no panorama nacional, como a Critical Software, Amazon Web Services, Grupo Brisa e Mota-Engil Renewing. Do que li, o foco será na mobilidade e energia e, enquanto parte interessada em ver as nossas cidades a serem desenhadas cada vez mais para as pessoas e não para os carros particulares, aplaudo a iniciativa.

No rescaldo da Web Summit, ainda que esta possa ter ajudado a colocar Lisboa no radar global, a verdadeira história vai muito além dos eventos. Este “novo” Portugal – o “Portugal Verde” – manifestar-se-á através de novas políticas, infraestruturas, e, essencialmente, através de uma população que apoia e recebe de braços abertos essa transformação.

E não estamos apenas a ver isto em Lisboa ou no Porto: as cidades do interior, que outrora eram esquecidas, começam agora a usar a inovação em áreas como a micromobilidade para revitalizar as suas comunidades e resolver problemas locais, como o excesso de trânsito. Este problema, e muitos outros, podem ser atribuídos ao excesso de dependência de automóveis privados, que, numa perspetiva mais ampla de mobilidade urbana, estas alternativas ajudam a reduzir.

Este é o Portugal que inspira empreendedores de todo o mundo e desafia as empresas a pensar mais além, a fazer melhor. Aqui, o sucesso mede-se pelo impacto, onde a inovação ganha uma dimensão social e ambiental, especialmente numa era em que os alertas climáticos ecoam em todo o mundo. Quem entra nesta “corrente” quer fazer parte de algo maior, construir com propósito e encontrar no país um verdadeiro parceiro de inovação.

Aqui, a inovação tem espaço para errar e recomeçar, algo que faz toda a diferença. Já há – e tem que continuar a haver – uma base sólida de iniciativas que permitam às empresas assumir riscos e desenvolver as soluções de amanhã que o mundo precisa hoje, e este é o tipo de mentalidade que torna uma ideia numa mudança real.

Se tudo assim continuar, Portugal será um exemplo. Afinal, o país já provou que há outra forma de fazer negócios, e quem nele aposta sabe que faz parte de uma transformação que está longe de ser moda: é autêntica. Se o futuro for verde, tem boas hipóteses de ser português.

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