Mais de um terço (38%) dos consumidores de veículos topo de gama que pretendem comprar nos próximos 12 meses um automóvel de valor igual ou superior a 80 mil euros, estão a considerar adquirir o primeiro veículo elétrico, segundo o estudo “Europe’s High-End Buyers Rethink EV Ownership”, realizado pela consultora Boston Consulting Group (BCG).

“O mercado europeu de veículos elétricos nos segmentos premium – com preços a partir de 50.000 euros – tem enfrentado inúmeros desafios, sendo que o seu crescimento caiu para 19% em 2023, face a 22% em 2022, contribuindo para a desaceleração global do mercado”, refere a BCG.

Apesar deste abrandamento, o estudo revela que uma nova vaga de potenciais compradores de automóveis premium e de luxo está a emergir na Europa, mais qualificada, urbana e jovem. Dentro deste segmento, 85% dos indivíduos têm formação superior, 75% vive em cidades e 70% pertence à geração Millenial ou Geração Z. Destes novos compradores, cerca de dois terços (64%) escolheriam um veículo elétrico em vez de uma alternativa com motor de combustão interna se os modelos tivessem as mesmas especificidades.

Nova vaga de compradores de veículos topo de gama está a surgir na Europa.

O estudo, baseado num inquérito a mais de 5.000 potenciais compradores de automóveis na Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha, dos quais 20% pertencem a segmentos de preços premium plus e luxo, está disponível na íntegra aqui.

“No contexto atual, os fabricantes europeus de veículos elétricos têm uma oportunidade única de reconquistar o segmento de luxo, desde que consigam alinhar as suas ofertas com as elevadas expectativas desta nova vaga de compradores”, afirma Carlos Elavai, Managing Diretor e Partner da BCG em Lisboa.

“Ao melhorarem questões como a autonomia das baterias e a experiência de carregamento e de pós-venda, poderão não só satisfazer os compradores mais exigentes, como também reforçar a sua posição num mercado cada vez mais competitivo.” Os principais desafios apontados pelos potenciais compradores do segmento premium e de luxo na adoção de veículos elétricos, e que contribuíram para a desaceleração deste mercado, prendem-se com as decisões de produto por parte dos fabricantes.

O tempo e experiência de carregamento de um elétrico (46%), a baixa autonomia da bateria (44%), o curto tempo de vida útil do automóvel e a desvalorização em caso de revenda (40%), bem como os custos de manutenção associados (36%) são identificados como os grandes obstáculos para os compradores de veículos premium plus e de luxo.

“A nova vaga de compradores de veículos topo de gama é exigente, valoriza a experiência digital e exige marcas que se conectem consigo de forma direta e exclusiva. Além disso, espera que os fabricantes mantenham os valores tradicionais de luxo, como a qualidade artesanal e a atenção ao detalhe, enquanto adaptam a oferta às suas novas expectativas e valores, revela o relatório”, refere a consultora.

Artigo anteriorBaterias analisadas de mais de 40 mil veículos: qual o seu estado de saúde?
Próximo artigoProjeto “Chef Cientista” leva às escolas reciclagem de óleo alimentar usado