Um dos projetos mais promissores para responder à procura do lítio na Europa, era liderado pela sueca Northvolt, empresa que planeava desenvolver a maior exploração de lítio da Europa e que abriu falência nos EUA, levando a que a Galp tivesse perdido o seu parceiro para o projeto que estava a desenvolver para Sines.
Os analistas da XTB fizeram uma análise a este acontecimento, sublinhando que “as dificuldades da Northvolt expõem problemas na indústria europeia de baterias e afetam a competitividade no mercado de carros elétricos”.
A XTB expõe a sua perspetiva: “O aumento da procura por lítio colocou a Europa perante um paradoxo: a necessidade urgente de explorar este recurso dentro das suas fronteiras para reduzir dependências externas versus os impactos ambientais, económicos e sociais associados à sua extração”.
Concorrência no mercado de veículos elétricos
Os analistas destacam que a Europa ainda depende de fornecedores asiáticos, enquanto empresas locais enfrentam altos custos e desafios técnicos. “Com isso, a produção europeia de baterias fica mais cara, impactando o preço final dos veículos elétricos e dificultando a sua venda. Por outro lado, empresas chinesas estão a entrar no mercado europeu com carros elétricos mais acessíveis, o que tem pressionado os fabricantes locais”.
Para enfrentar esta situação, “a Europa precisa investir mais em infraestruturas para a produção de baterias e incentivar a produção e consumo de EVs. Para além destas medidas, a Europa tem estado também a aplicar medidas protecionistas que visam impedir a entrada de novos players no sector, sendo que estas tarifas variam consoante a marca e podem chegar até aos 35%”, constata a XTB.
Impacto da desistência da Galp deste projeto
“A eventual desistência da Galp no projeto de refinaria de lítio em Setúbal, desenvolvido em parceria com a Northvolt, poderá ter implicações significativas para o setor de baterias em Portugal e na Europa uma vez que este projeto também é uma ação estratégica para a União Europeia, visto que pretende reduzir a dependência de matérias-primas fora da Europa. O investimento seria alto e haveria a criação de vários postos de trabalho, além de posicionar Portugal como um país relevante na transição energética”, aponta a consultora.
A situação atual da Northvolt “aumenta as incertezas e isso compromete não só o projeto Aurora, mas também a confiança dos investidores no setor de baterias europeu, aumentando a dependência de outros fornecedores, especialmente chineses, uma vez que lideram o mercado de baterias e veículos elétricos”.
Segundo a XTB, o projeto Aurora, que seria em Setúbal, “poderia criar um impacto positivo tanto económico como social. Além de dinamizar a economia local, posicionaria Setúbal como um polo estratégico na produção de lítio para baterias, essencial para a transição energética. Caso não avance, a competitividade europeia frente à China no mercado de carros elétricos poderá ser ainda mais prejudicada, enfraquecendo a possibilidade de alcançarmos a autonomia neste setor crucial para a transição energética e a economia verde”, conclui.