A Maserati está prestes a celebrar os seus 110 anos de vida, o que é digno de nota, mas também um pouco enganador, porque é um construtor com mais vidas do que um gato de rua, desde que foi fundada por Alfieri Maserati, em 1914. Já foi marca de velas de motores, ganhou as corridas mais importantes do mundo, (na Fórmula 1, em Indianápolis e na Targa Florio), e assinou alguns dos mais belos Grande Turismo dos anos 50 e 60. Quanto aos anos 80, prefere esquecê-los (quem não?). Quanto à vida pessoal, casou e descasou com a Citroën, com a De Tomaso e com a Ferrari, teve um filho bastardo com a Chrysler e agora é, merecidamente, protagonista do Grupo Stellantis, se não nas vendas, pelo menos no luxo e requinte dos seus automóveis.
O mais admirável é que a vida de altos e baixos a tornou a mais resiliente das marcas de luxo italianas. É preciso aderir aos motores a gasóleo? Vamos a isso. Eletrificação? Estamos prontos. Não há pudor na luta pela relevância, o que é admirável.
O estatuto de nobreza ganho nas corridas dos anos 20, 30 e 50 não impedem a marca de se reinventar, sempre sem deixa o público indiferente. Foi a primeira marca de prestígio a participar ativamente na Fórmula E, por exemplo, um feito corajoso para uma marca que sempre foi considerada uma referência na qualidade dos seus motores de combustão, sobretudo os V8 e os V6. E agora, é também um dos primeiros construtores do seu segmento a apresentar uma gama de veículos 100% elétricos. Este artigo é sobre o Grecale e o próximo será sobre o GranTurismo.
Maserati Grecale Folgore
O Grecale é um SUV do segmento D, que partilha a plataforma com o Alfa Romeo Stelvio. Foi lançado em 2022, com motores de quatro e seis cilindros turbocomprimidos. A versão 100% elétrica, designada por Folgore, que quer dizer “raio”, chega agora ao mercado português. Está equipada com dois motores, com potência máxima combinada de 410 kW (557 cv) e 820 Nm de binário. Tem uma bateria de 105 kWh, com 96 kWh utilizáveis, responsável por 676 kg das 2,5 toneladas de peso.
O seu sistema elétrico é de 400 Volts e tem um alcance anunciado de 500 km com uma carga, no ciclo WLTP. Tem um carregador embarcado de 11 kW e aceita carregamento rápido com potência de até 150 kW.
Acelera dos 0 aos 100 km/h em 4,1 segundos e dos 0 aos 200 km/h em 16,1 segundos, com uma velocidade máxima de 220 km/h. Tem uma suspensão pneumática que se adapta a diferentes tipos de utilização, variando entre um modo económico designado Max Range, o modo standard, que se chama GT, o modo Sport e modo Off Road. Há variações de potência disponível, mas também da resposta ao acelerador, amortecimento e também a altura ao solo, que são bastante perceptíveis.
O interior é bastante refinado o que, aliado à suspensão mais complacente, sobretudo no modo GT, torna a vida a bordo bastante simpática. O interface digital é responsivo, permitindo fácil integração com Apple CarPlay e Android Auto.
Ao volante do Grecale Folgore
Não há muito a apontar a este modelo, que me pareceu bastante equilibrado. Confortável, com excelente isolamento acústico, torna-se bastante mais focado quando passamos para o modo Sport. Aqui temos acesso à potência total e a suspensão fica mais firme, permitindo um comportamento muito mais preciso. Com esta seleção, a resposta ao acelerador é bastante rápida e, apesar do peso elevado, o Grecale Folgore revela uma desenvoltura competente nos percursos mais sinuosos, com uma preciosa ajuda pelos poderosos travões, absolutamente indispensáveis num automóvel com estas características. Apesar de curto, o contacto ao volante deu muito boas indicações sobre este Maserati SUV com zero emissões locais.
O seu preço em começa um pouco abaixo dos €117.000, um valor contextualizado pelo preço do modelo de entrada de gama, o Grecale GT, com motor de quatro cilindros e 300 cv, que custa €103.000.