A produção renovável abasteceu 61% do consumo de energia elétrica em Portugal em 2023 e entre 1 de janeiro e 30 de novembro de 2024 foram gerados 42065 GWh de eletricidade em Portugal Continental, dos quais 81,3 % tiveram origem renovável. Apesar de ser uma nação mais desenvolvida, o Japão está longe da realidade destes números.
No ano passado, o “País do Sol Nascente” teve uma produção renovável de apenas 23% e o governo nipónico, que anteriormente tinha fixado um objetivo de que a cota renovável fosse de 38% até 2030, decidiu agora pormenorizar o seu plano que aponta para que as energias renováveis, como a solar e a eólica, venham a fornecer 40% a 50% da produção de eletricidade até 2040.
Ao fazer das energias renováveis a principal fonte de energia até 2040, o japão quer alcançar a neutralidade carbónica em 2050.
Para o japão é uma inversão significativa, ainda para mais porque Tóquio prevê um aumento de 10% a 20% da produção de eletricidade do país até 2040, em relação a 2023.
Em 2023, quase 70% das necessidades de eletricidade do Japão foram cobertas por centrais térmicas.
Até 2040, o Governo japonês pretende que esta percentagem desça para 30% ou 40%. O objetivo anteriormente anunciado para 2030 era de 41%, ou 42%, se for incluído hidrogénio e amoníaco.
Energia nuclear
Treze anos depois da catástrofe de Fukushima, a energia nuclear vai também desempenhar um papel importante para satisfazer a procura crescente de energia ligada à inteligência artificial (IA) e à produção de semicondutores.
Pobre em recursos naturais, o Japão vai “esforçar-se em maximizar a utilização das energias renováveis como principal fonte de energia”, refere o projeto de plano.
Mas o país tem também como objetivo um cabaz energético que não dependa fortemente de uma única fonte, “com vista a assegurar um abastecimento energético estável e a descarbonização”, acrescentou.
As preocupações geopolíticas que afetam o abastecimento de energia, desde a guerra na Ucrânia até à situação no Médio Oriente, são outra razão para a mudança para as energias renováveis e a energia nuclear.
O plano publicado pela Agência de Recursos Naturais e Energia do Japão já não inclui a intenção do país de reduzir a dependência da energia nuclear “tanto quanto possível”, objetivo estabelecido na sequência do desastre nuclear de Fukushima em 2011.
O Governo encerrou todas as centrais nucleares do arquipélago depois desta tripla catástrofe: sismo, tsunami e acidente nuclear. Mas, apesar dos protestos de algumas regiões, as centrais têm sido gradualmente recolocadas em funcionamento, no âmbito da política de redução das emissões. O país planeia ter todos os reatores existentes em funcionamento até 2040, com a possibilidade de acrescentar novos reatores.
De acordo com os objetivos fixados para 2040, a energia atómica representa cerca de 20% das necessidades energéticas do Japão, aproximadamente o mesmo nível que o atual objetivo para 2030. Mas menos do que os níveis anteriores a 2011 de cerca de 30%.
Este valor seria mais do dobro dos cerca de 8% da produção total de eletricidade que a energia nuclear forneceu em 2023.