Um jardim vertical plantado em carpetes velhas é um dos projetos inovadores criados pelos guardiões da HortaFCUL – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

As carpetes tinham sido usadas uma vez num evento da faculdade e, em vez de se transformarem em lixo, foram reutilizadas e transformadas em recursos, com um novo destino e vida mais longa, referiu à Lusa um dos guardiões do projeto, o biólogo António Pato, também investigador bolseiro na FCUL.

As carpetes, agora jardins, forram as paredes para manter baixa a temperatura no interior da cozinha no verão.

O revestimento exterior das paredes é composto por duas camadas de tecido das carpetes, com a camada exterior a ter cortes que recebem bolsas de terra onde crescem espécies como a lavanda, alecrim, erva-do-incenso ou sálvia-ananás. As plantas são alimentadas por um sistema de rega gota-a-gota automático colocado no topo.

À Lusa, António Pato refere que as cidades são grandes produtoras de resíduos que, numa lógica consumista linear, acabam por ter uma utilização única, sendo mais tarde descartados. Tendo em conta isto, os guardiões querem contrariar esta lógica de usar e deitar fora, apostando em boas práticas de revalorização e reutilização de materiais obsoletos.

O projeto HortaFCUL começou há 15 anos com um grupo de estudantes que, na altura, queria explorar aplicações práticas de temáticas associadas à sustentabilidade, às alterações climáticas e à perda de biodiversidade em contexto urbano.

Neste âmbito resgataram também peças em madeira de antigos móveis que serviram durante anos o arquivo das salas da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e construíram um anfiteatro com pedras de um aterro do Estádio Universitário.

Jardim comunitário Permalab

O espaço do projeto foi-se expandindo, cada vez com mais voluntários, e em 2016 ganhou uma nova dimensão com o lançamento do jardim comunitário Permalab, abrindo-se a novas áreas como a compostagem.

Foto: Instagram hortafcul

A HortaFCUL conta com o apoio institucional da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Centro para a Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (CE3C) associado à FCUL, e faz ainda parte do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade da FCUL.

Contentores do lixo da Câmara de Lisboa já obsoletos são agora depósitos de compostagem de restos de alimentos regularmente recolhidos nas cafetarias e bares da faculdade e noutros depósitos faz-se a compostagem de restos de jardim destinada a enriquecer a qualidade da terra.

“A horta tem demonstrado boas práticas de ‘upcycling’, revalorizando materiais considerados obsoletos e dando-lhes novo uso e função, e um valor acrescentado não só para o ambiente e a promoção de práticas sustentáveis, mas também para a própria construção da comunidade”, precisou.

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