As alterações climáticas têm contribuído para a disseminação e aumento global de vetores de doenças (caso de mosquitos), ao passo que a poluição tem estado na base de inúmeras fatalidades, refere o primeiro “Relatório Saúde e Ambiente 2024”, do Observatório Português da Saúde e Ambiente.
Poluição por plásticos
O estudo salienta que em 2024 foi encontrada uma associação entre nanoplásticos e aterosclerose, com os plásticos a potenciar o risco de AVC e morte súbita. Apesar de provado o impacto do plástico na saúde humana, e do “alarmante” crescimento do seu uso, há pouca monitorização do grau de contaminação, sendo também necessário dar mais importância à industria têxtil.
Poluição do ar
Sendo conhecida a relação entre a poluição do ar e as doenças respiratórias, no relatório nota-se que o dióxido de nitrogénio deve ser responsável por 2.280 casos de asma por ano e que entre 12.800 e 32.000 pessoas vão às urgências devido ao ozono, e que até 14.400 o fazem devido às micropartículas.
Poluição da água
Na água, os impactos da poluição para a saúde também são preocupantes, informa o relatório, segundo o qual o aumento da temperatura média da água potencia a contaminação microbiológica ou química. E preocupante é também a poluição das águas superficiais e subterrâneas devido às atividades agrícolas e industriais.
O relatório alerta que a poluição do ar, da água, dos plásticos, de pesticidas e de outros contaminantes é atualmente o maior fator de risco para a mortalidade global.
Exposição a químicos
A exposição humana prolongada a produtos químicos, seja no ambiente, nos alimentos ou na água, seja nos variados produtos de consumo (têxteis, artigos de higiene…) também é apontada como tendo um impacto negativo na saúde.
Fatores ambientais extremos
O Observatório acrescenta ainda que o impacto dos fatores ambientais na saúde estende-se aos efeitos diretos das temperaturas extremas, das inundações, secas, incêndios, migrações e conflitos.
Dos incêndios resulta, além da mortalidade direta, uma mortalidade causada pela exposição a partículas finas. Estima-se que os incêndios de 2017 tenham causado um total de 189 mortes, correspondendo a 3.092 anos de vida perdidos, com um custo de 360 milhões de euros.
E apesar do aumento da frequência, intensidade e duração das ondas de calor, não existem medidas de mitigação, nem de proteção específica para os grupos em situação de maior vulnerabilidade, aponta o documento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que fatores ambientais já são responsáveis por cerca de uma em cada quatro mortes em todo o mundo. Essas consequências são mais visíveis especialmente em doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, doenças diarreicas, infeções respiratórias das vias aéreas inferiores, cancro, doença pulmonar obstrutiva crónica, alergias, saúde materno-infantil, doenças transmitidas por vetores e zoonoses, entre outras.
Em Portugal, segundo dados de 2021, estima-se que 8% das mortes e 4% do total de anos perdidos por incapacidade estiveram relacionadas com a poluição do ar, temperaturas extremas e outros aspetos ambientais.