Desde 2022 que a Fórmula E trabalha na introdução de paragens nas corridas para recarregar as baterias, algo que vai concretizar-se pela primeira vez numa corrida do campeonato em fevereiro próximo. Será no próximo E-Prix da Arábia Saudita, o Jeddah E-Prix, nos dias 14 e 15 de fevereiro.
À semelhança da Fórmula 1, os monolugares da Fórmula E começarão a fazer pit stops durante a corrida para “reabastecer”, através de carregamentos ultrarrápidos. A organização chama a estas paragens pitstops de carga de ataque: “Pit Boost”.
Ao contrário do que acontece com um veículo elétrico convencional, o objetivo destes pit stops não será atingir 80% da capacidade da bateria. Em cada uma das paragens feitas nas boxes será possível ter mais 10%, ou seja, até 3.85 kWh, para o qual serão necessários apenas 30 segundos usando um carregador ultrarrápido com potência de 600 kW. O veículo terá de ficar parado durante, pelo menos 34 segundos, o que deixa 4 segundos para as equipas ligarem e desligarem o cabo de carregamento.
Em “corridas selecionadas”, ou seja, não em todas as corridas da época, o “Pit Boost” é obrigatório para todos os pilotos. Mesmo que a equipa conclua que seria mais sensato renunciar à paragem para carregar.
O “Pit Boost” vai redefinir a estratégia de corrida na Fórmula E.
Os pilotos e as equipas terão de pesar os benefícios de um aumento de energia contra o risco de perderem a posição na pista durante a paragem nas boxes. A escolha do momento ideal para o “Pit Boost” será fundamental, introduzindo um maior risco e uma camada extra de emoção em todas as corridas.
O “Pit Boost” também não pode ser selecionado livremente, mas apenas a partir de um determinado nível de carga dos carros, que é comunicado às equipas 21 dias antes da corrida e que deverá oscilar entre 40% e 60%. Apenas um carro por equipa pode ser recarregado nas boxes ao mesmo tempo.
Ou seja, para além do existente “Modo de Ataque”, as equipas passam a gerir dois elementos estratégicos lado a lado, a fim de obterem o melhor resultado possível na corrida.
“O Pit Boost vai desafiar as equipas e os pilotos a tomarem decisões de alto risco sob intensa pressão”, afirma Alberto Longo, cofundador e diretor do campeonato da Fórmula E. ”O potencial para ultrapassagens dramáticas, reviravoltas inesperadas e engenho humano vai elevar a emoção para os nossos fãs e mostrar o empenho incansável na inovação por parte da Fórmula E e da FIA.”
Sabendo-se que o desporto automóvel é, muitas vezes, uma antecâmara de desenvolvimento de tecnologias que, anos mais tarde, são incorporadas nos veículos do quotidiano, não é de excluir que estes carregamentos ainda mais ultrarrápidos do que os ultrarrápidos atualmente existentes venham, num futuro, a ser disponibilizados para os veículos elétricos de estrada.
“A solução para a mobilidade passa por uma maior autonomia e também por recarregar um automóvel mais rapidamente. Tecnologias como esta [“Pit Boost”] vão ajudar à adoção da eletrificação da mobilidade para o futuro”, refere Alberto Longo.