O apoio de Elon Musk ao presidente dos EUA, Donald Trump, e as atitudes e posições que o patrão da Tesla tem tido (como o gesto de esticar o braço direito e o apoio às forças políticas radicais de direita da AfD na Alemanha) estão a custar dinheiro e popularidade à Tesla, bem como a criar riscos para quem tem um Tesla.

Os sentimentos anti-Tesla ganham projeção, sendo já vários os ataques a stands da marca e veículos vandalizados, não apenas, mas sobretudo nos EUA.

Na europa, houve já alguns exemplos de protestos anti-Musk: um showroom da Tesla em Haia, nos Países Baixos, foi vandalizado com grafittis de suásticas e frases como “Nee tegen nazi’s” (“Não aos nazis”) e “Fuck off fascist” (“Vai-te lixar fascista”).

A sede da Tesla em França foi igualmente vandalizada, com cartazes com frases a dizerem: “Não convidamos fascistas, lutamos contra eles”.

Um grupo contestatário também projetou a saudação de Musk e a palavra “Heil” na fábrica da Tesla em Berlim.

Foto: Politicalbeauty/X.com

Portugal, do que se conhece, ainda está de fora desta onda de vandalismo anti-Tesla.

Alguns órgãos de comunicação social norte-americanos dão conta de que o clima anti-Tesla tem levado a que alguns proprietários de veículos Tesla, sem qualquer ligação à empresa de Elon Musk que não seja o facto de serem donos de um dos seus veículos, terem sido alvo de injúrias por outros condutores por estarem a pactuar, no seu entendimento e ainda que indiretamente, com o homem mais rico do mundo, ao terem adquirido um Tesla. Há relatos, nos EUA, de condutores de outros veículos que chegaram mesmo a atravessar-se diante de modelos Tesla a impedi-los de prosseguir durante alguns segundos a viagem, como forma de contestação.

A situação está a agravar-se e, tal como noticiado pela imprensa americana, um espaço da Tesla no Estado norte-americano do Oregon foi atacado com objetos incendiários, enquanto outros dois concessionários foram alvo da ira de contestatários de Trump, com tiros disparados quando a loja estava fechada (sem registo de feridos). Este surto de criminalidade anti-Tesla levou o FBI a intervir, mas a onda de contestação não parece parar.

Foto: Salem Police Department

Há já apelos a boicotes à marca e, pelo menos uma celebridade, a cantora Sheryl Crow, decidiu desfazer-se do Tesla num ato de protesto contra Elon Musk. Num vídeo publicado no seu Instagram, a artista despediu-se do veículo e anunciou que o dinheiro da venda foi doado para a National Public Radio (NPR), organização que tem sido alvo de críticas e ameaças do empresário.

Na legenda da publicação do Instagram, Sheryl Crow explicou sua decisão, citando a influência e a adesão de Musk a Donald Trump. “Os meus pais sempre disseram: diga-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és. Há um momento em que precisamos decidir de que lado estamos. Adeus, Tesla. Dinheiro doado para a NPR, que está sob ameaça do presidente Musk, na esperança de que a verdade continue a encontrar o seu caminho para aqueles dispostos a conhecê-la”, escreveu a cantora.

Entretanto, as vendas de veículos Tesla na União Europeia caíram 50,3% em janeiro deste ano, em comparação com o período homólogo, de acordo com números publicados pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

Os dados indicam que a empresa de Elon Musk vendeu 7.517 unidades no primeiro mês deste ano, em comparação com os 15.130 veículos em janeiro de 2024.

Não há oficialmente uma explicação, mas não deixa de ser uma coincidência que esta quebra nas vendas da fabricante de veículos elétricos coincidiu com um momento em que Musk passou a ser conselheiro do polémico presidente norte-americano Donald Trump.

Este declínio contrasta, no entanto, com um aumento de 34% na compra de veículos elétricos na UE, até 124.341 unidades, pelo que este tipo de veículos representou 15% do mercado automóvel.

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