A Comissão Europeia (CE) pretende conceder mais tempo aos fabricantes de automóveis para cumprirem as normas de emissão de CO2 da UE, anunciou a Presidente da CE, Ursula von der Leyen que deverá apresentar esta quarta-feira um plano de ação para o setor que a responsável comunitária espera que o Parlamento Europeu e os Estados-Membros aprovem rapidamente.

O objetivo da União Europeia é conciliar o apoio à indústria automóvel com os objetivos climáticos aprovados pelos Estados-Membros e pelo Parlamento Europeu, mas a ONG Transport & Environment classifica já a proposta de von der Leyen como “uma prenda sem precedentes” para a indústria europeia.

No final de janeiro, no início do diálogo estratégico sobre o futuro da indústria automóvel europeia, o Vice-Presidente da Comissão, Stéphane Séjourné, tinha já indicado a sua oposição à penalização dos fabricantes por não cumprirem as metas de CO2 deste ano.

Isto porque Von der Leyen planeia propor este mês uma alteração específica ao regulamento relativo ao CO2. “As empresas terão três anos para cumprir as normas, em vez de serem obrigadas a cumpri-las anualmente, proporcionando à indústria mais espaço para respirar e clareza, sem alterar os objetivos acordados”, explicou.

A Presidente da Comissão sublinha, contudo, que as exigências da indústria, nomeadamente no que se refere a uma maior flexibilidade em relação aos objetivos de emissão de CO2, devem ser equilibradas.

“Precisamos de previsibilidade e justiça para aqueles que já estão a cumprir os objetivos. Temos de manter os objetivos e, ao mesmo tempo, ouvir as partes interessadas que pedem pragmatismo nestes tempos difíceis”, afirmou, especialmente no que diz respeito aos objetivos para 2025 e às sanções associadas.

Ainda segundo Bruxelas, as cadeias de abastecimento europeias de automóveis, nomeadamente as baterias, devem tornar-se mais sólidas e resistentes. Para tal, a Comissão irá explorar o apoio direto aos produtores de baterias da UE e introduzir gradualmente normas europeias para as células e componentes das baterias. “Saudamos ainda o compromisso da Comissão de explorar a possibilidade de prestar apoio direto aos produtores de baterias da UE. A formação de líderes europeus em setores críticos como as baterias elétricas, os semicondutores, a IA e os dados, bem como a garantia de acesso a matérias-primas essenciais, constituem a espinha dorsal de uma indústria automóvel europeia forte, competitiva e independente”, refere a Stellantis.

“Como salientado pela ACEA, a flexibilidade introduzida em relação aos objetivos de CO2, com um período de cumprimento alargado, é um primeiro passo significativo na direção certa para preservar a competitividade do nosso setor, mantendo-se fiel aos objetivos e empenho na eletrificação. É agora importante que a alteração específica proposta seja rapidamente transformada em lei. Esta iniciativa, juntamente com um maior apoio à compra e aos incentivos fiscais, a uma energia (verde) mais barata e ao investimento nas infraestruturas de carregamento, pode ser um verdadeiro acelerador do processo de eletrificação”, já comentou a Stellantis.

William Todts, diretor executivo da T&E, critica este abrandamento que irá ser decidido por Bruxelas, considerando que “a flexibilização da regulamentação relativa aos veículos não poluentes recompensa os retardatários e oferece pouco à indústria automóvel europeia, fazendo-a ficar ainda mais atrás da China em matéria de veículos elétricos”.

Von der Leyen também incentivou o desenvolvimento da tecnologia de condução autónoma. Para facilitar este processo, será criada uma aliança que permitirá às empresas reunir recursos para desenvolver software, chips e tecnologia. A Comissão promete simplificar as regras de ensaio e de aplicação e lançar projetos-piloto em grande escala para a condução autónoma.

A Stellantis veio já saudar as declarações feitas esta segunda-feira pela Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, após a segunda reunião do Diálogo Estratégico sobre o futuro da Indústria Automóvel Europeia: “Louvamos também o empenho, a proatividade e o pragmatismo de todos os Comissários e Vice-Presidentes Executivos participantes, em particular o Vice-Presidente Executivo Stéphane Séjourné e o Comissário Apostolos Tzitzikostas, durante o processo.
Partilhamos a importância atribuída à inovação, designadamente no domínio do software e da condução autónoma. A inovação está no centro da estratégia da Stellantis, como ilustrado recentemente pela nossa parceria com a Mistral AI”.

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