A Peugeot vai lançar este ano variantes com sistema de tração integral (Dual Motor, com dois motores) nos seus SUV e-3008 e e-5008 que irão debitar uma potência combinada de 325 cv (239 kW). Isto graças a um motor dianteiro que produz 213 cv (157 kW), ao qual se junta um novo motor traseiro que desenvolve 112 cv (82 kW). Serão, assim, os SUV elétricos mais potentes da marca francesa.
O e-5008 ganhará ainda uma nova derivação de cinco lugares no primeiro semestre de 2025, a qual oferecerá 994 litros de espaço de carga atrás da segunda fila, o que representa mais 78 litros do que a versão de sete lugares. Quando os bancos traseiros forem rebatidos, a capacidade de bagagem aumenta para 2.310 litros.
A aventura Peugeot na eletricidade
Mas, para aqui chegar, a experiência da Peugeot no desenvolvimento de veículos elétricos começou em 1941, com o lançamento do Peugeot VLV, um pequeno automóvel concebido para contornar a escassez de combustível durante a Segunda Guerra Mundial e para assegurar a mobilidade dos serviços públicos essenciais, como os cuidados de saúde e a administração postal.
O Peugeot VLV foi, assim, um precursor dos atuais elétricos do construtor do emblema do leão.

Este mini-cabriolet de dois lugares era alimentado por quatro baterias de 12 volts, que produziam 3,3 cv e podiam ser recarregadas em qualquer tomada elétrica. O VLV tinha uma autonomia de 75 a 80 km e uma velocidade máxima de 36 km/h, o que o tornava um veículo eminentemente urbano. No total, foram produzidas 377 unidades deste modelo, que apresentava um raio como emblema, na frente, substituindo o tradicional leão da marca.
O processo de desenvolvimento deste VLV assentou em estudos realizados por engenheiros de marca duas décadas antes, utilizando, na altura, um Peugeot 201.
O VLV destacava-se pelo reduzido peso, fruto de uma carroçaria integralmente em alumínio, não indo além de 365 kg, incluindo 160 kg das baterias. Em 1943, as autoridades do regime de Vichy proibiram a sua produção.
Peugeot 104
Mas o VLV foi uma primeira incursão que conheceu uma pausa até à crise petrolífera dos anos 70 e 80 que levou a marca a retomar os seus estudos sobre a mobilidade elétrica com versões desenvolvidas a partir de modelos de produção como o Peugeot 104 que estava equipado com baterias Alstom com chumbo.
Peugeot 205
Já em 1982, vinte Peugeot 205 foram testados como elétricos e os resultados permitiram o desenvolvimento de uma versão elétrica do furgão Peugeot J5, 50 dos quais foram entregues à companhia petrolífera ELF em 1989. A autonomia continuava a ser limitada a 70 km, embora pudesse circular a 80 km/h.
Peugeot 106
Em 1995, a marca deu um salto ambicioso com a comercialização de uma versão elétrica do Peugeot 106. Com uma velocidade máxima de 110 km/h e a possibilidade de carregar 80% da sua bateria em 2 horas (e 100% em 6 horas), tornou-se uma opção para os meios urbanos, apesar da sua autonomia de 80 km. Este modelo foi um precursor do car sharing, com a plataforma de partilha de automóveis Autolib na cidade francesa de La Rochelle.
Peugeot iOn
Agora, no século XXI, o Peugeot iOn foi o primeiro a utilizar a tecnologia das baterias de iões de lítio para elevar o desempenho dos veículos elétricos a um novo patamar. Desenvolvido a meias com o Mitsubishi i-Miev e com o Citroën C-Zero, o iOn tinha uma autonomia de 150 km, a sua manobrabilidade e dimensão tornaram-no ideal para o tráfego urbano.
Peugeot Partner Electric
Esta mesma tecnologia foi transferida para os veículos comerciais em 2014, com o lançamento do Peugeot Partner Electric, fabricado em Vigo e com caraterísticas semelhantes às das versões convencionais deste modelo: 3,7 m3 de volume e 695 kg de carga útil. Em 2017, chegou o Peugeot Partner Tepee, vocacionado para uma utilização familiar e de lazer. Ambos os modelos podiam percorrer 170 quilómetros sem recarga.
e-208 e e-2008
A partir de 2019, com o e-208 e e-2008, a Peugeot começa a introduzir a um ritmo cada vez maior propostas elétricas melhoradas (o atual e-3008 tem uma versão Long Range com 700 km) que se vão estendendo a cada vez mais segmentos. Mas a aventura elétrica Peugeot começou com o primogénito VLV há mais de 80 anos, com 80 km de autonomia…