Os dias difíceis para a Tesla continuam. Agora, a marca, do bilionário Elon Musk, foi impedida de participar no Salão Automóvel Internacional de Vancouver, no Canadá, que começou esta quarta-feira, devido ao receio de protestos.
O diretor executivo do evento disse, em comunicado, que a organização do salão pediu à Tesla que se retirasse devido a uma “preocupação prioritária” com a segurança dos trabalhadores, participantes e expositores.
Eric Nicholl disse que a marca teve “múltiplas oportunidades de se retirar voluntariamente” e que, perante os factos, a organização optou por decretar a sua proibição: “Esta decisão irá garantir que todos os participantes se possam concentrar exclusivamente em aproveitar os muitos elementos positivos do evento”, refere o comunicado.
O salão, no Centro de Convenções de Vancouver, decorre até domingo.
A decisão é mais um episódio anti-Tesla por causa de Musk e da sua aliança com Donald Trump, presidente dos EUA, que enfureceu os canadianos com repetidas ameaças de anexação do Canadá. Esta proibição segue-se a uma vaga de protestos contra a Tesla, que dos EUA se alastrou ao Canadá, com “epicentros” em Otava e Vancouver, sempre tendo na mira Elon Musk.
Vaga de protestos
Nos EUA, o clima de tensão contra o construtor americano é mais elevado. Esta terça-feira ocorreram dois novos ataques em concessionários da Tesla em Las Vegas, Nevada, e Kansas City, Missouri, onde vários veículos foram incendiados.
Trump classificou os ataques às lojas da Tesla como “terrorismo doméstico”, numa entrevista transmitida pela televisão norte-americana Fox News: “Penso que quando apanharem os responsáveis, e espero que isso aconteça, e já apanharam alguns, vai descobrir-se que estão a ser pagos por pessoas com uma forte motivação política de esquerda”, disse o republicano.
Trump e a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, classificaram estes atos de vandalismo como “terrorismo doméstico”.
O comunicado do Departamento de Justiça referiu que várias pessoas já foram alvo desta acusação, em casos com penas mínimas obrigatórias de cinco anos de prisão.
“Continuaremos as investigações que vão impor consequências severas aos envolvidos nestes ataques, incluindo aqueles que operam nos bastidores para coordenar e financiar estes crimes”, enfatizou Bondi.
De acordo com o The Washington Times, o FBI (polícia federal norte-americana) em Las Vegas está a investigar o que aconteceu como um possível ato de terrorismo.
“Para qualquer pessoa que ache isto justificável ou mesmo admirável, queremos informá-lo de que isto é um crime federal. Vamos persegui-lo, encontrá-lo e processá-lo em toda a extensão da lei”, alertou o agente especial Spencer Evans.

O facto é que a contestação não abranda e foi até criado nos EUA um movimento, “Tesla Takedown” (“Derrubar a Tesla”) que planeia mais de 100 protestos junto a concessionários Tesla nas próximas semanas.
Ainda que este movimento se denomine pacífico, o fenómeno de contestação a Trump e a Musk fazem com que qualquer manifestação possa descambar em desordem.
Este “Tesla Takedodown” apela aos clientes que “vendam os seus Teslas, desfaçam-se das suas ações”, tendo por base uma lógica: “Prejudicar a Tesla é parar Musk”.
Nos EUA, as coisas estão a ganhar contornos graves, tendo um grupo de piratas informáticos tido acesso a dados de contas da Tesla e os publicou online, expondo milhares de informações de proprietários da Tesla na Internet, com contactos e moradas, como forma de exercer pressão sobre esses proprietários.
Outro movimento criado foi o “Better than a Tesla” (“Melhor do que um Tesla”), uma plataforma online que pretende indicar aos consumidores que têm no mercado americano propostas 100% elétricas melhores do que as do construtor da Califórnia: “Outra vantagem? As empresas não são geridas por Elon Musk”, refere.
E se não estiver preparado para vender o seu Tesla, uma secção desta plataforma remete para um site que vende autocolantes anti-Musk para que as pessoas os possam colar nos seus Tesla.
