
A carreira comercial dos veículos a pilha de combustível de hidrogénio parece continuar a ser uma eterna história promissora que tarda em arrancar, seja pela escassez de hidrogénio verde (o hidrogénio verde representa apenas 0,3% dos 7,2 milhões de toneladas de hidrogénio consumidos anualmente na Europa), seja pela quase inexistente rede de infraestruturas de abastecimento, seja pelo preço elevado dos automóveis fuel cell, seja pela falta de ambição de políticos e indústria em alavancar uma tecnologia cujas emissões no tubo de escape são… água.
Os construtores mantêm ativas as suas divisões de desenvolvimento de hidrogénio (uns mais do que outros), embora de uma forma tímida, pois o hidrogénio parece cada vez menos viável no setor dos transportes, especialmente nos veículos de passageiros.
Mas mesmo para fabricantes que persistem em acreditar na tecnologia fuel cell aplicada aos ligeiros de passageiros, as notícias são pouco entusiasmantes. No caso da Toyota, as matrículas de FCEV (Fuel Cell Electric Vehicles) caíram 55,8% em termos anuais em 2024, istyo depois de em 2023 terem também sofrido uma diminuição.
A HYVIA, a empresa comum que o Grupo Renault tinha com a Plug Power para o desenvolvimento de veículos comerciais a pilhas de combustível, declarou falência, tal como a Nikola, construtor americano de camiões a hidrogénio.
Luca de Meo, Presidente do Grupo Renault, declarou há algumas semanas que, atualmente, “não existe mercado” para os veículos a hidrogénio, o que faz com que a grande maioria dos construtores concentre os seus esforços nos veículos elétricos a bateria (BEV), uma alternativa muito mais popular, eficiente e acessível.
Numa entrevista à Automobile-Propre, Lars Krause, diretor de vendas e marketing da Volkswagen Veículos Comerciais, afinou pelo mesmo diapasão, explicando que a VW continuará a concentrar-se nas baterias em detrimento da pilha de combustível: “Estamos sempre atentos a este assunto [hidrogénio], mas, de momento, não vemos um modelo de negócio a curto prazo, nem para nós, enquanto fabricantes, nem para os nossos clientes. Temos uma viatura a pilha de combustível, a Crafter, no nosso catálogo, mas as vendas são muito baixas. Além disso, a eficiência energética de todo o ciclo, desde a produção de hidrogénio até às rodas do veículo, não é boa. Os veículos elétricos a bateria são mais eficientes e a sua autonomia está a melhorar gradualmente. Não percebo porque é que algumas pessoas são tão otimistas em relação às pilhas de combustível!”.
De acordo com a Transport & Environment, um FCEV apenas utiliza 22% da energia inicialmente gerada devido a perdas durante os processos de eletrólise, em comparação com 73% para os BEVs (Battery Electric Vehicles).