Apesar de assumir que se assiste a uma desaceleração no desenvolvimento da economia do hidrogénio, a Bosch reafirma, contudo também, que a eletrólise é um campo de crescimento estratégico para si.
A empresa entende que seja na indústria química, de transportes, siderurgia ou energia, existe um enorme potencial de descarbonização se o hidrogénio for utilizado como fonte de energia – especialmente se for produzido a partir de fontes renováveis.
Para assinalar a entrada neste mercado, a empresa apresentou tecnologia para eletrolisadores na Hannover Messe. A Bosch está a estrear duas pilhas de eletrólise Hybrion PEM (membrana de troca protónica) como uma solução modular em contentor, integrada num sistema de eletrólise.
Estas pilhas de combustível são o elemento central do eletrolisador. O sistema completo, com uma potência de 2,5 megawatts, é fornecido pela FEST, com sede em Goslar, Alemanha.
“Para combater as alterações climáticas, precisamos de alternativas aos combustíveis fósseis. O hidrogénio verde, produzido com energia renovável, terá um papel fundamental na redução maciça das emissões de carbono nos setores industrial, dos transportes e da energia. A produção deste hidrogénio requer sistemas de eletrólise – e a pilha Hybrion da Bosch é o componente-chave para esses sistemas”, afirma Dr. Stefan Hartung, presidente do conselho de administração da Robert Bosch GmbH.

A Bosch pretende aplicar a sua experiência em células de combustível à produção de hidrogénio.
A empresa quer utilizar o seu know-how em produção em grande escala para alcançar economias de escala e reduzir custos no futuro.
Em 2025, planeia trabalhar em vários projetos na Europa em parceria com diversas entidades. Mesmo antes do lançamento oficial de vendas em abril, a Bosch já adquiriu encomendas que totalizam cerca de 100 megawatts – por exemplo, a Neuman & Esser irá integrar 16 pilhas Hybrion da Bosch num eletrolisador com uma capacidade de 20 megawatts.
Encomendas internacionais de cerca de 100 megawatts, antes do lançamento oficial de vendas.
A Bosch está também a colaborar com empresas como AKA Energy Systems, Andritz, Pietro Fiorentini, Hyter, H2B2, iGas, IMI, Nikkiso e Técnicas Reunidas.
“O hidrogénio é um campo estratégico de crescimento para a Bosch – esperamos que a receita de vendas atinja os milhões até 2030”, afirma Markus Heyn, membro do conselho de administração e presidente da Bosch Mobility.
Produção de pilhas de eletrólise e ciclo do hidrogénio em Bamberg
Cada pilha tem uma potência de 1,25 megawatts e pode produzir até 23 quilogramas de hidrogénio por hora a partir de água e eletricidade. Isto é suficiente para que um camião de 40 toneladas com um sistema de propulsão a célula de combustível percorra cerca de 250 a 300 quilómetros, esclarece a empresa.
As pilhas de combustível de hidrogénio Hybrion serão inicialmente fabricadas na unidade da Bosch em Bamberg, Alemanha. Para cada unidade, mais de uma centena de células de eletrólise são dispostas em camadas. Para este processo, a Bosch desenvolveu uma ferramenta de fixação especial que simplifica e acelera significativamente o processo de fabrico.
Nas células individuais de eletrólise, uma membrana de troca protónica (PEM) – feita com um polímero especial – separa o ânodo do cátodo. Para produzir hidrogénio, a água ultrapura é inicialmente introduzida no lado do ânodo do eletrolisador PEM. Devido à tensão elétrica aplicada aos dois elétrodos, a água no ânodo reage, formando oxigénio, eletrões livres e protões. Os protões atravessam a membrana e combinam-se com os eletrões para formar gás hidrogénio no cátodo.
De acordo com a empresa, as pilhas de eletrólise Hybrion PEM da Bosch são adequadas para a produção de hidrogénio em sistemas modulares de 1 megawatt, bem como para grandes instalações industriais à escala de gigawatts.
Um eletrolisador FEST com pilhas de eletrólise PEM integradas da Bosch está previsto entrar em operação na unidade de Bamberg como parte de um ciclo de hidrogénio em 2025. A Bosch pretende utilizar o hidrogénio produzido no local para os testes de resistência das pilhas de células de combustível móveis, que são também fabricadas em Bamberg.
A energia gerada durante esses testes será, por sua vez, direcionada para o eletrolisador, fechando assim o ciclo. O hidrogénio produzido destina-se, numa fase inicial, a uso interno da empresa.