A maioria dos portugueses residentes nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto deixaria de usar o automóvel se tivesse melhores transportes públicos, conclui um estudo da Deco Proteste.
Segundo o inquérito feito pela Deco Proteste a mais de 1300 moradores das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, o automóvel é o meio de transporte mais usado nas deslocações diárias. Contudo, mais de metade dos inquiridos referiram que um melhor funcionamento e conforto dos transportes públicos os levaria a usar menos o automóvel.
Quem usa os transportes públicos revela-se insatisfeito com a pontualidade, em ambas as cidades. Pela positiva, destacam a cobertura da rede e o preço, em Lisboa, e o sentimento de segurança face à criminalidade, no Porto.
Em 2023, a Deco Proteste também inquiriu os habitantes das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e as conclusões gerais foram, em muitos aspetos, as mesmas. Contudo uma diferença importante a salientar é o facto de a percentagem de utilizadores de transportes públicos ter aumentado nas duas regiões, embora com maior relevância em Lisboa.
A Deco Proteste comenta que a redução do custo dos passes sociais tem ajudado muitas famílias, em especial as mais vulneráveis. Mas, acrescenta a associação, “é ainda essencial uma efetiva melhoria do serviço de transportes em termos de abrangência geográfica, aumento da frequência e uma boa interligação com os diversos meios de transporte e entre municípios”.
transportes públicos mais pontuais, mais frequentes, mais confortáveis, mais rápidos e com melhores conexões: isto seria um “game changer” na mobilidade urbana
De acordo com a Deco Proteste, a falta de conexões diretas e a baixa frequência do serviço são as principais razões apontadas pelos consumidores para não usarem transportes coletivos.
Também importante é que os percursos feitos em transportes coletivos sejam tão ou mais rápidos do que os mesmos em automóvel: “Para tal, uma solução passa por investir numa maior oferta de corredores especiais para os primeiros”, sugere a associação.
Lembra a Deco Proteste que para se atingirem as metas de emissões de gases de efeito de estufa para 2030 e 2050, é fundamental a utilização dos transportes coletivos em detrimento do automóvel. Para tal, defende a associação de defesa do consumidor, é importante a ligação dos transportes coletivos com a mobilidade leve, como bicicletas, trotinetes ou até deslocações a pé, sempre que possível.
Por fim, a Deco Proteste defende que seria relevante que, nos vários municípios, “os departamentos de infraestruturas e obras públicas e de mobilidade trabalhassem de forma próxima. Por exemplo, na definição da localização de novos edifícios de serviços, como hospitais ou escolas, deve ser também delineado um plano de mobilidade eficaz entre os mesmos, para que o uso do automóvel particular não seja uma necessidade”.