Com o tema “Empresas com Visão – Liderar e agir num mundo em mudança“, a Conferência BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, que se realizou na semana passada na Casa da Música, no Porto, procurou provocar, inquietar e motivar os participantes, cerca de mil, a identificar o seu papel no mundo, inspirados pelo propósito da própria organização, de “transformar a economia ao serviço da sociedade e do planeta”.

Colocando as alterações climáticas no centro do discurso, Rita Nabeiro, Presidente do BCSD Portugal, fez referência a “fenómenos cada vez mais erráticos, como períodos de seca prolongada, chuvas torrenciais e ondas de calor extremo”, e o seu “papel acelerador no desequilíbrio de todo o sistema terrestre, que pode arruinar”.

Da subida do nível do mar, à alteração das correntes oceânicas, até aos impactos geopolíticos, a presidente do BCSD Portugal alertou ainda para o “risco de perda de 75% da massa de neve até ao final do século, causando inundações e escassez de água para mais de 240 milhões de pessoas”. Rita Nabeiro referiu também que, ao ritmo atual, apenas 3 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU poderão ser alcançados até 2030.

A Presidente do BCSD Portugal reforçou ainda a urgência em agir: “A nossa casa está a arder e muitos agem como se nada fosse. Em paralelo, em diversas geografias e setores, assistimos a uma desregulação e a um retrocesso preocupante em políticas ambientais e de diversidade, equidade e inclusão. Iniciativas que foram construídas com esforço e sentido de justiça, e que hoje estão a ser desvalorizadas, postas em causa ou mesmo desmanteladas. Assiste-se agora ao fenómeno do greenhushing, o receio de se comunicar ações sustentáveis por medo de críticas, escrutínio e intimação, que na União Europeia está a adiar a entrada em vigor do reporte de sustentabilidade e consequentemente o compromisso de algumas empresas”.

Rita Nabeiro finalizou a sua intervenção com um apelo ao compromisso e à liderança pelo exemplo, destacando o BCSD Portugal como “a voz estratégica junto de decisores públicos, investidores, academia e sociedade civil, que promove a inovação e a colaboração entre empresas, start-ups, centros de investigação e investimento de impacto, através de uma comunicação clara e mobilizadora, coerente com os princípios defendidos”.

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