A Carris lançou esta quarta-feira uma nova versão da aplicação CARRISway, que considera “um upgrade fundamental” para os clientes, por pretender melhorar a qualidade da informação para o planeamento da viagem, segundo o presidente da transportadora.
Em entrevista à Lusa, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, explicou que a empresa concluiu ser necessário otimizar a experiência de viagem com recurso às ferramentas digitais, daí ter encetado “uma revolução digital nestes últimos três anos” que começou a dar frutos no ano passado.
Agora, a aplicação disponibiliza toda a informação útil para o passageiro viajar na Carris — informação sobre as carreiras e horários, em tempo real, e as paragens mais próximas.
“Utilizámos a nossa aplicação CARRISway para desenvolver um módulo que permite, com mais rigor, de forma mais fiável, saber qual é exatamente o tempo de espera para o nosso autocarro e, ao mesmo tempo, a localização real dos nossos autocarros, pois é a referenciação”, afirma, realçando que a aplicação CARRISway, já permite o carregamento dos passes Navegante no telemóvel.
De acordo com dados da Carris em 2024, faziam parte do seu universo 777 autocarros, 64 elétricos, três ascensores e um elevador, e 1.823 tripulantes — motoristas e guarda-freio, num total de 2.505 trabalhadores da empresa.
A esta funcionalidade, soma-se a possibilidade de pagamento da tarifa de bordo com QR Code, MBway, Via Verde e cartão bancário contactless, uma “revolução ao nível dos modos de pagamento” que tornou o acesso ao autocarro mais rápido e mais fácil para os clientes, ficando também o motorista mais liberto das tarefas de cobrança.
De acordo com Pedro Bogas, desde novembro a Carris registou “mais de um milhão de validações com o cartão bancário, quase 80% com cartões estrangeiros, o que mostra que os turistas aderiram muito a este modo de pagamento”.
Pedro Bogas fez saber que a Carris tem “previsto um investimento de mais de 200 milhões de euros até 2028, com a aquisição de quase 500 autocarros, autocarros a energias limpas, mais de 300 autocarros elétricos. Com isso chegaremos a 2028 com 90% da nossa frota [movida] a energias limpas”.
Esta entrevista acontece na mesma semana em que uma análise do Portal da Queixa revelou um aumento expressivo nas reclamações dirigidas à Carris. Nos primeiros cinco meses de 2025, o número de queixas contra a empresa subiu mais de 70%, face a 2024, refletindo uma crescente insatisfação dos passageiros. Os atrasos e incumprimento de horários representam 38% dos problemas denunciados pelos consumidores. São reportados casos de passageiros que enfrentam esperas prolongadas e atrasos frequentes.
Há também relatos de má conduta e comportamento inadequado por parte dos motoristas, motivos que geraram 19,3% das denúncias. Referem-se a queixas relativas a atitudes desrespeitosas, falta de cortesia ou conduta imprópria por parte de motoristas e funcionários da Carris.
Na origem de 16,6% dos casos está a falta de qualidade do serviço. São críticas ao desconforto, excesso de lotação, baixa frequência ou insatisfação geral com a experiência do transporte. Os problemas na cobrança e pagamento foram apontados em 12% das reclamações. Falhas técnicas e nos veículos e a falta de informação e comunicação foram outros problemas mencionados pelos passageiros da Carris.