
No próximo dia 26 de junho, às 17h00, o auditório José Carlos Marques dos Santos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) vai ser palco da sessão de apresentação do “Atlântico”, o primeiro protótipo de barco solar da FEUP Academic Solar Team (FAST), sendo a primeira equipa da sua classe cujo casco da embarcação é feito inteiramente a partir de fibras naturais.
Com um sistema de transmissão sem engrenagens (“gear-less drivetrain”), estruturas sandwich em cortiça e fibra de linho, e ainda a adoção de hidrofoils, que permitem triplicar a eficiência do sistema propulsor a determinadas velocidades, o “Atlântico” é um projeto assente numa missão que alia inovação à sustentabilidade, através do desenvolvimento de uma embarcação de competição movida a energia solar e que aborde os principais desafios tecnológicos neste domínio.
Fundada em novembro de 2023, a FEUP Academic Solar Team é um projeto que envolve estudantes de vários cursos de engenharia da FEUP, que pretende motivar e demonstrar que a mudança do setor do transporte marítimo para soluções mais sustentáveis é viável, podendo “remar” em direção a um azul mais verde –“towards a greener blue” –, numa altura em que o transporte marítimo tem um papel preponderante nas trocas de mercadorias em todo o mundo, muito com recurso a combustíveis fósseis.
A liderar esta equipa está João Alegre, que em março deste ano, recebeu o prémio de Cidadania Ativa da Universidade do Porto, no âmbito da defesa do ambiente, pelo seu envolvimento nos trabalhos da FEUP Academic Solar Team.
Para o líder da FAST, este projeto pretende colocar o nome da engenharia portuguesa bem alto. “Podermos levar um barco produzido em Portugal a competições internacionais, com a ajuda de empresas portuguesas, é algo de que nos enche de orgulho. O facto de o ‘Atlântico’ ser um barco com hydrofoils – uma estrutura semelhante a uma asa que, quando submersa, gera sustentação ao levantar o barco acima da água – permite-nos diferenciar dos barcos sem esta estrutura porque conseguimos triplicar a eficiência do protótipo, fazendo com que seja preciso muito menos energia para fazer o barco andar e obter uma boa performance”.
Outra das novidades que o barco solar “Atlântico” apresenta é a natureza do seu casco, que utiliza fibra de linho, um componente totalmente natural. “O uso da fibra de linho em componentes estruturais é algo ainda não muito estudado, portanto tivemos de fazer pesquisa e realizar testes computacionais, e em laboratório, de modo a garantir que conseguíamos inovar nesta área”, acrescenta João Alegre.
Esta é a segunda equipa em Portugal a desenvolver este conceito de embarcação, e a primeira da zona norte do país, e competirá, já neste verão, nas provas europeias da modalidade. A estreia será no “Portugal Boat Challenge”, no início de setembro, a primeira prova desta modalidade realizada no país, o que atesta a sua aposta e evolução.
Seguir-se-á a prova italiana “Sardinia Innovative Boat Week”, na ilha italiana de Sardenha, em outubro. Antes disso, em agosto, a FEUP Academic Solar Team levará a cabo uma demonstração das capacidades do protótipo nas águas do mar do Porto de Leixões.
Fotografia: Direitos Reservados // Universidade do Porto