A próxima geração de cidades inteligentes poderá não depender apenas de câmaras visíveis ou sensores convencionais. No Metal Ops: Smart City Hackathon, em Boston, uma startup apresentou uma proposta que redefine o conceito de monitorização urbana através da Internet das Coisas (IoT): o projeto Lantern, desenvolvido pela equipa Team Medarus.

A solução consiste numa rede de sensores passivos, subtil e discretamente integrados em objetos do dia-a-dia e na infraestrutura já existente da cidade — como postes de iluminação, sinais de trânsito ou parquímetros. Estes sensores captam dados emitidos indiretamente pelos veículos, como sinais dos sensores de pressão dos pneus, e comunicam entre si através de uma rede mesh de baixa potência, criando um sistema de monitorização contínua e resiliente.

Ao contrário de abordagens tradicionais baseadas em grandes investimentos em novos dispositivos ou grandes infraestruturas, o Lantern aposta num modelo de baixo custo e alta escalabilidade, aproveitando a ubiquidade e densidade do espaço urbano para formar uma rede inteligente quase invisível.

“Esta rede de sensores pode funcionar mesmo em zonas tradicionalmente pouco monitorizadas, garantindo uma recolha constante de dados com mínimo consumo energético”, explicou a Code Metal, startup organizadora do hackathon. A informação recolhida pode ser enviada em tempo real para centros de comando, abrindo portas a múltiplas aplicações: desde a vigilância operacional, ao apoio à gestão de tráfego, segurança rodoviária, controlo ambiental ou resposta a emergências.

A especificidade do projeto Lantern reside não só na capacidade de recolher dados sem depender de fontes ativas ou invasivas, mas também na arquitetura aberta que permite integrar-se facilmente em sistemas de smart cities já existentes.

“Não ficaram apenas pelo conceito: construíram o hardware, implementaram a rede e testaram-na em ambiente urbano real” destacou Peter Morales, CEO da Code Metal.

Embora o hackathon tenha tido um forte enfoque na vertente de defesa e operações especiais, a tecnologia demonstrada evidencia o potencial destas soluções IoT para cidades civis: transformar infraestruturas comuns em plataformas inteligentes, capazes de gerar dados cruciais para a eficiência e segurança urbanas.

Este tipo de inovação mostra o caminho para um futuro em que a Internet das Coisas não será apenas uma rede de dispositivos visíveis, mas um ecossistema subtil, integrado e adaptável, capaz de tornar as cidades verdadeiramente inteligentes — de forma quase impercetível.

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