Durante anos, os híbridos plug-in (PHEV) ocuparam um espaço ambíguo no debate sobre a mobilidade do futuro: um bom compromisso entre motores térmicos e elétricos para uns, tecnologia meramente de transição para um cenário ideal de eletrificação pura para outros. Mas a mais recente geração de PHEV começa a baralhar algumas dessas perceções. O que antes eram modelos com autonomias elétricas limitadas, na casa dos 30 a 50 km, transformaram-se hoje em propostas tecnicamente muito mais sofisticadas, com autonomias 100% elétricas que já rivalizam com alguns BEV de primeira geração.

Dados trabalhados pela consultora Boosters para o mercado espanhol, mostram que o novo Lynk & Co 08, por exemplo, garante uns impressionantes 200 km WLTP em modo elétrico, suportados por uma bateria de 39,6 kWh — um valor já próximo de alguns modelos puramente elétricos citadinos. Logo atrás surgem modelos como o OMODA 9 SHS e o Leapmotor C10 REEV, ambos a alcançar 145 km WLTP. Mesmo propostas tradicionalmente associadas ao segmento premium, como o Mercedes GLC 300e (130 km), o Range Rover P460e (122 km) ou o BMW X5 xDrive50e (105 km), apresentam autonomias claramente acima da fasquia psicológica dos 100 km.

Baterias maiores, eficiência otimizada

Esta nova geração de híbridos PHEV não se limita a montar baterias de maior capacidade. As melhorias de eficiência global dos sistemas híbridos têm sido decisivas: maior eficácia na recuperação de energia durante a travagem, otimização da gestão térmica dos conjuntos elétricos, integração de modos de condução preditivos e algoritmos mais evoluídos de gestão inteligente da energia em função do percurso.

Além disso, o salto qualitativo nas unidades geradoras de potência (tanto motores elétricos como térmicos) permite hoje uma maior fluidez entre modos, reduzindo o funcionamento do motor a combustão — um dos pontos críticos das gerações anteriores de PHEV, especialmente em viagens longas.

Menos compromisso, mais utilização real em modo elétrico

Com autonomias elétricas que, na prática, permitem cumprir diariamente os percursos médios urbanos e suburbanos, o cenário de utilização do PHEV mudou radicalmente. Estes modelos passam agora mais tempo a circular em modo exclusivamente elétrico, tornando-se verdadeiros veículos de emissões locais zero na utilização diária.

Por outro lado, a presença do motor térmico continua a garantir a flexibilidade operacional total — sem dependência da infraestrutura de carregamento rápido e sem condicionantes logísticas em viagens prolongadas.

O debate técnico mantém-se, mas o produto evoluiu

Os defensores dos 100% elétricos continuam a apontar o risco de alguns utilizadores dos PHEV descurarem o carregamento regular, acabando por usar maioritariamente o motor térmico. Porém, com autonomias elétricas tão ampliadas, o incentivo ao carregamento diário é hoje mais forte — até pela vantagem económica direta de circular em modo elétrico.

Ranking de SUV PHEV com maior autonomia elétrica:

PosiçãoHíbridos Plug-inAutonomia elétrica WLTP (km)Bateria (kWh)
1Lynk & Co 0820039,6 kWh
2OMODA 9 SHS14534,5 kWh
3Leapmotor C10 REEV14528,4 kWh
4Mercedes‑Benz GLC 300 e13031,2 kWh
5VW Tiguan eHybrid12519,7 kWh
6BYD SEAL U DM-i Comfort12526,6 kWh
7Cupra Formentor 1.5 eHybrid12419,7 kWh
8Volkswagen Tayron Más 1.5 eHybrid12419,7 kWh
9Skoda Kodiaq Selection 1.5 TSI iV PHEV12319,7 kWh
10Range Rover Sport P460e/P440e122/11431,8/19 kWh
11Cupra Terramar e‑Hybrid117≈19 kWh
12Renault Rafale E‑Tech 4×410622 kWh
13Mercedes GLE 400 e10631,2 kWh
14BMW X5 xDrive50e10529,5 kWh
15MG HS PHEV10021,4 kWh
16Audi Q5 e-hybrid quattro 220 kW10020,7 kWh
17BMW X1 xDrive25e9214,2 kWh
18JAECOO 7 SHS9018,3 kWh
19EBRO s700 PHEV9018,3 kWh
20EBRO s800 PHEV9018,3 kWh
21BMW X3 xDrive30e9012 kWh
22Opel Grandland Edition Plug-in Hybrid8617,8 kWh
23Peugeot 3008 Allure Plug-in Hybrid8617,8 kWh
24Mitsubishi Outlander PHEV8622,7 kWh
25Mazda MX-30 e-Skyactiv R-EV8517,8 kWh
Nota: análise da Boosters para o mercado espanhol
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