Bruno Rodrigues
Asset Manager Helexia Portugal

Monitorizar uma central fotovoltaica vai muito além de confirmar se está a produzir. Implica um acompanhamento contínuo, inteligente e baseado em dados, que permita detetar desvios de performance, otimizar a operação e antecipar problemas. Tecnologias como os digital twins — réplicas virtuais das centrais físicas — são hoje ferramentas essenciais. Ao permitir simulações em tempo real e o teste de diferentes cenários, estas soluções tornam possível prever falhas, testar intervenções e tomar decisões mais informadas, com menos risco e maior eficácia.

Energia com performance: produzir, monitorizar e otimizar

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O dia começa e os primeiros raios de sol incidem sobre as células fotovoltaicas, dando início a um processo silencioso, mas poderoso: a produção de energia limpa a partir de uma fonte inesgotável — o sol. Esta energia pode ser utilizada de forma descentralizada e estratégica: alimentando linhas de produção numa fábrica, assegurando a refrigeração de uma loja de retalho ou climatizando confortavelmente um edifício de serviços.

Nos últimos anos, o autoconsumo solar tem vindo a ganhar expressão e escala, permitindo que as empresas deixem de ser apenas consumidoras para se tornarem também produtoras da sua própria energia. Esta transformação reforça a resiliência energética, reduz os custos operacionais e contribui de forma concreta para a neutralidade carbónica. Mas produzir energia não chega. Para garantir eficiência e retorno a longo prazo, é fundamental assegurar o funcionamento ótimo destes sistemas. E é aqui que duas componentes se tornam críticas: a monitorização e a manutenção.

Monitorizar uma central fotovoltaica vai muito além de confirmar se está a produzir. Implica um acompanhamento contínuo, inteligente e baseado em dados, que permita detetar desvios de performance, otimizar a operação e antecipar problemas. Tecnologias como os digital twins — réplicas virtuais das centrais físicas — são hoje ferramentas essenciais. Ao permitir simulações em tempo real e o teste de diferentes cenários, estas soluções tornam possível prever falhas, testar intervenções e tomar decisões mais informadas, com menos risco e maior eficácia.

A manutenção é outro pilar deste processo. Divide-se entre ações preventivas, que evitam perdas de desempenho por desgaste natural, e corretivas, que atuam em resposta a anomalias detetadas. No entanto, a eficácia destas intervenções depende diretamente de um fator muitas vezes invisível, mas decisivo: a gestão operacional no terreno. A coordenação eficiente das equipas, o bom planeamento das visitas técnicas e uma logística bem estruturada são determinantes para garantir que os recursos certos estão no lugar certo, no momento certo. Uma abordagem profissional à gestão de campo não só minimiza tempos de inatividade como também maximiza a produtividade e a segurança.

Mas o desafio da transição energética exige hoje uma visão integrada e holística do consumo de energia. Ao lado dos sistemas de autoconsumo solar, começam a surgir cada vez mais soluções complementares, como a mobilidade elétrica. A instalação de redes de carregamento para veículos elétricos — seja em unidades industriais, edifícios comerciais ou espaços de serviços — representa mais uma camada do ecossistema energético. E tal como no solar, estas infraestruturas também exigem monitorização e manutenção atentas, garantindo fiabilidade, disponibilidade e integração inteligente com os restantes sistemas energéticos do edifício.

No caminho para uma transição energética eficaz, monitorizar é conhecer, manter é cuidar e coordenar é garantir resultados. Porque produzir energia limpa é essencial — mas assegurar que essa produção (e utilização) se mantém, com fiabilidade, segurança e eficiência, é o que faz realmente a diferença.

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